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Showing posts from April, 2007

O automóvel do poema de Zaid

O poema de Gabriel Zaid que eu postei foi começado em 1974, se não me engano. Assim o automóvel que sai do mar pode assumir pelo para mim conotações mais obscuras, relacionadas à violência bruta que explode hoje mas que já implodia o Brasil desde aquela época. Se alguém disser que aquilo tudo (torturas, assassinatos, prisões, exílio) é passado e não precisa ser rememorado, saiba que a extrema violência policial, a brutalidade desumana das prisões que só piora a violência social cada vez mais chocante das ruas, coisa que preocupa tanto ao brasileiro médio hoje em dia, não começou, mas avançou muito naquele período de repressão e autoritarismo. Toda aquela gente treinada naqueles anos tristes para fazer exatamente o que aparece no filme "Batismo de Sangue" e foi descrito em detalhes no livro "Brasil: nunca mais" anda solta por aí até hoje, trabalhando e possivelmente treinando outras pessoas.

Gabriel Zaid em Ipanema

Este poema é para fazer par com o poema de Carlos Pellicer que postei aqui sobre o Rio de Janeiro. A revista Letras Libres tem um artigo (disponível online) do prórpio Zaid explicando a composição do poema que começou a ser escrito nos espaços em branco do JB (Amílcar de Castro ficaria feliz com isso, suponho). IPANEMA El mar insiste en su fragor de automóviles. El sol se rompe entre los automóviles. La brisa corre como un automóvil. Y de pronto, del mar, gloriosamente, chorreando espuma, risas, desnudeces, sale un automóvil.

Sobre o futebol

Sobre o futebol Por mais que a gente aprecie o futebol pela sua beleza, como esporte ele pode ser tão bonito (ou feio) e emocionante (ou tedioso) como o tênis ou o basquete ou outro esporte qualquer. O brasileiro obviamente acompanha futebol antes de tudo por causa desse comprometimento visceral com um time de futebol que, seja qual for, se transforma para ele em uma instituição sagrada. Normalmente esse comprometimento acontece na infância e é um ato de integração na família ou às vezes um gesto de rebeldia contra ela. Claro que é algo completamente irracional. Tão irracional quanto chorar pela morte de um cantor ou ator de cinema qualquer que a gente nunca conheceu pessoalmente e tão fundamentalmente absurdo como acreditar em um Deus especifico. Mas está claro faz tempo que não somos 100% racionais de qualquer jeito, não é mesmo? Torcer por um time de futebol (na alegria e na tristeza, na vitória e na derrota até que a morte nos separe, amem) é uma experiência coletiva intensa em um

Desabafo em face das declarações de Matilde Ribeiro à BBC ou o fardo do homem branco

A Folha de São Paulo me fornece o mote: A ministra Matilde Ribeiro, titular da Secretaria Especial de Política da Promoção da Igualdade Racial (Seppir), está incitando o ódio racial. É essa a opinião da antropóloga Yvonne Maggie, professora titular do departamento de antropologia cultural do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade Federal do Rio de Janeiro, a respeito das declarações da ministra publicadas na terça passada. Questionada sobre se, no Brasil, também há racismo de negro contra branco, como nos EUA, Matilde Ribeiro disse: "Acho natural [que haja]". São Paulo, domingo, 01 de abril de 2007 E eu trago a glosa: Desabafo em face das declarações de Matilde Ribeiro à BBC ou o fardo do homem branco Eu não agüento mais ser discriminado no Brasil só por ser branco. Não se passa uma semana sem que eu sofra com o preconceito contra o meu grupo étnico, que dizem que é uma minoria por aqui, mas isso é só porque tem muito branco por aí que prefere fingir que é

Desabafo em face das declarações de Matilde Ribeiro à BBC ou o fardo do homem branco

A Folha de São Paulo me fornece o mote: A ministra Matilde Ribeiro, titular da Secretaria Especial de Política da Promoção da Igualdade Racial (Seppir), está incitando o ódio racial. É essa a opinião da antropóloga Yvonne Maggie, professora titular do departamento de antropologia cultural do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade Federal do Rio de Janeiro, a respeito das declarações da ministra publicadas na terça passada. Questionada sobre se, no Brasil, também há racismo de negro contra branco, como nos EUA, Matilde Ribeiro disse: "Acho natural [que haja]". São Paulo, domingo, 01 de abril de 2007 E eu trago a glosa: Desabafo em face das declarações de Matilde Ribeiro à BBC ou o fardo do homem branco Eu não agüento mais ser discriminado no Brasil só por ser branco. Não se passa uma semana sem que eu sofra com o preconceito contra o meu grupo étnico, que dizem que é uma minoria por aqui, mas isso é só porque tem muito branco por aí que prefere fingir que é