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Showing posts from June, 2011

Recordar é viver: Transporte público e segregação racial/econômica

“They seem to think we're animals or something. They just don't want us to be able to get the kind of education they've already got.” 12 de Setembro de 1974. Margie, estudante negra que passou a frequentar a South Boston High School. Essa história de não querer estação de metrô em Higioenópolis me lembra um dos momentos mais tristes da segunda metade do século XX nos Estados Unidos: a criação de um grupo em Boston chamado "Restore Our Alienated Rights (ROAR)" para combater a desegregação racial das escolas públicas através do sistema de ônibus escolares que levavam crianças dos bairros mais pobres [em geral negros] para ter aulas nas escolas públicas dos bairros ricos [em geral brancos]. [Aliás guarde bem essa história para jogar na cara de qualquer americano que tentar te convencer que o sul é o único vilão quando se trata de problemas raciais nos Estados Unidos.] Uma breve explicação primeiro. As escolas públicas primárias e secundá

Entre 2 países

Dois trechos interessantes de entrevista com a excelente escritora Sandra Lorenzano ao jornal argentino Página12 no dia 9 de junho . –¿Por qué en los poemas no aparece una lengua permeada por el habla mexicana? –Tampoco por la lengua argentina; como mi poesía no tiene coloquialismo, queda muy abierta. Mi conciencia sobre la lengua surge con el exilio. Como llegué en la adolescencia a México, hice un gran esfuerzo por volverme una adolescente mexicana. Yo puedo estar acá hablando con un mexicano y me doy vuelta y te hablo a vos en argentino. Así he funcionado a lo largo de 35 años. Yo uso poco la lengua coloquial; es un constructo que he armado y que es el resultado de juntar esas dos lenguas que tengo ahí... Y por ahí ronronea, en lo profundo de su ser, una palabra con la que ha titulado una de sus novelas, Saudades. “Tabucchi dice algo genial sobre el tema. Las saudades portuguesas no sólo son nostalgias de lo que fue, de lo que pasó, de lo que perdimos, sino nostalgia de a

Poesia Mexicana: Xavier Villaurrutia

Volver Volver a una patria lejana, volver a una patria olvidada, oscuramente deformada por el destierro en esta tierra. ¡Salir del aire que me encierra! y anclar otra vez en la nada. La noche es mi madre y mi hermana, la nada es mi patria lejana, la nada llena de silencio, la nada llena de vacío, la nada sin tiempo ni frío, la nada en que no pasa nada. Mais poemas de Villaurrutia aqui .

Música: My Morphine

Um dos preconceitos mais persistentes na nossa cultura é a idéia de que a vida e as pessoas no campo ou nas cidades pequenas são “simples”, “descomplicadas” ou “menos complexas”. Certos conflitos da modernidade podem ser até mais agudos for a dos centros econômicos/culturais – prova disso é a riqueza e complexidade da própria literatura brasileira. Porque nos Estados Unidos ou na Europa, o Brasil é Teófilo Otoni/Cuiabá/São Luís/Rio Branco/etc. A questão não é negar que somos Teófilo Otoni/Cuiabá/São Luís/Rio Branco/etc no sistema capitalista mundial, mas descobrir que Teófilo Otoni/Cuiabá/São Luís/Rio Branco/etc tem sempre potencial para literatura de primeira. Esse preconceito com relação ao interior já atrapalhou muita gente inteligente a entender melhor autores como Guimarães Rosa, Faulkner ou Juan Rulfo. Além de ser francamente ridículo ver um paulista desprezar um belohorizontino que por sua vez despreza um cuiabano que por sua vez despreza alguém de Rondonópolis etc etc etc.

Cenas do centro do Rio de Janeiro do início do século passado 3

[Clique no mapa para vê-lo inteiro e saber onde estava o sebo de João Martins] III - João Martins, português da Ilha da Madeira, chegou ao Brasil ainda jovem em meados do século XIX, com 4 tostões nos bolsos. Trabalhou em várias livrarias do centro até abrir seu próprio sebo na Rua São José [naquela época Rua do Pardo]. Mudou-se depois para Uruguaiana e finalmente para a Rua General Câmara, onde vivia com a família nos fundos. Construiu um acervo maravilhoso de impressos e manuscritos, que ele comprava a granel antes de 1880, quando ninguém no Rio dava nada por “um monte de papéis velhos” – do seu sebo saíram os originais de História do Brasil de Frei Vicente do Salvador, que ele doou à Biblioteca Nacional. João Martins vivia enfiado no sebo, tendo se tornado um especialista respeitado na cidade em questões bibliográficas apesar de não ter quase nenhuma educação formal. Era tão recluso que recusou-se terminantemente a conhecer a Avenida Rio Branco e, quando os filhos compraram o i

Cenas do centro do Rio de Janeiro do início do século passado

II – Enquanto Gustavo Barroso – futuro fascista, anti-semita, acadêmico – frequentava a já decadente Colombo com suas polainas e luvas, a roda de Lima Barreto se reunia no Café Jeremias ou na Americana e depois no Café Papagaio. Única regra do grupo: proibido conversar de literatura. “E bebíamos café, só café, pois as finanças não permitiam o luxo da cerveja ou do uísque.” [Vida literária no Brasil, 35]. Ali o grupo criaria a Revista Floreal em 1907 [ disponível na Brasiliana da USP].

Cenas do centro do Rio de Janeiro do início do século passado

I- Constantino Pacheco parece que nunca publicou um livro, mas recitava suas poesias pelas ruas do centro “com voz soturna, a sacudir umas grossas manoplas de pugilador.” Nos intervalos entre um poema e outro proclamava: “O Brasil é um ótimo país para os olhos do artista e para a bolsa dos patifes.” Do livro Vida Literária no Brasil de Brito Broca.

Recomendação

Uma das melhores avaliações do governo Lula no terceiro número de uma das melhores revistas da América Latina.

Cenas de um casamento – Bergman

Ingmar Bergman cria, com um orçamento curtíssimo, uma mini-série de televisão de seis capítulos, quase toda filmada em Faro com dois de seus atores favoritos em mente como um casal: Liv Ullman e Erland Josephson. Liv Ullman volta de Hollywood correndo em troca do salário mínimo da categoria e de uma temporada sem luxos mas com um trabalho que a entusiasma. A série de cinco horas é praticamente toda feita dos dois atores falando sem parar o texto de Bergman, que não admite improvisos nas falas mas coloca câmera, fotografia, luz, enfim, tudo a serviço dos dois atores. Liv Ullman comentou que o filme poderia ter sido feito por algum seguidor do Dogma95, mas sinceramente, só se algum deles chegasse aos pés de Bergman em termos de clareza e contundência sem ostentação de pobreza franciscana. O surpreendente é que a mini-série fez um sucesso estrondoso na Suécia quando foi lançada e o filme [condensado das cinco horas de mini-série] rodou o mundo inteiro com enorme sucesso. Em pleno a

Poesia Minha - Quinnipiac

[Foto: vista do rio Quinnipiac em New Haven. Do lado de cá o bairro latino e as fábricas abandonadas. Do lado de lá, mais do mesmo...] Eu não costumo escrever poesia em inglês, mas apareceu um concurso numa livraria da minha cidade - iam dar um prêmio em vale-livros e pendurar o poema no café da livraria - e eu resolvi que queria concorrer. Adoro esse trecho do rio Quinnipiac, cortando a cidade pouco antes de chegar ao mar. Há quem diga que o rio Charles [que passa perto de Harvard], rio que tem papel importante na parte narrada por Quentin Compson em The Sound and the Fury é na verdade o Quinnipiac, que Faulkner conhecia de perto por ter passado um tempo sapeando por New Haven. Misturei nesse caldo ainda uma pitada de Clarice Lispector e meia xícara de Guimarães Rosa, cujos contos estava ensinando em inglês nesse longo e tenebroso inverno que passou, e deu nisso aí. Bom, terminei o trem uns cinco dias antes do prazo e fui cuidar da minha vida. Quando vi, deixei passar

Duas frases

Duas frases de Politzer József aka Joseph Pulitzer Uma imprensa cínica, mercenária, demagógica com o tempo produz um povo do mesmo quilate. "A cynical, mercenary, demagogic press will in time produce a people as base as itself." Todo reporter é uma esperança e todo editor, um desapontamento. “Every reporter is a hope, and every editor is a disappointment.”

Minas Gerais e o código de [des]florestamento

Para refletir e lembrar. Votaram pelo SIM: De partidos [pelo menos nominalmente] da esquerda Ademir Camilo PDT Sim Zé Silva PDT Sim Jô Moraes PCdoB Sim Geraldo Thadeu PPS Sim Júlio Delgado PSB Sim Gabriel Guimarães PT Sim Weliton Prado PT Sim Reginaldo Lopes PT Sim Odair Cunha PT Sim Gilmar Machado PT Sim De partidos do centro: Bonifácio de Andrada PSDB Sim Carlaile Pedrosa PSDB Sim Eduardo Azeredo PSDB Sim Eduardo Barbosa PSDB Sim Paulo Abi-Ackel PSDB Sim Domingos Sávio PSDB Sim Marcus Pestana PSDB Sim Antônio Andrade PMDB Sim João Magalhães PMDB Sim Newton Cardoso PMDB Sim Paulo Piau PMDB Sim Saraiva Felipe PMDB Sim De partidos da direita: Aelton Freitas PR Sim Aracely de Paula PR Sim Bernardo Santana de Vasconcellos PR Sim Diego Andrade PR Sim Lincoln Portela PR Sim Dimas Fabiano PP Sim Luiz Fernando Faria PP Sim Márcio Reinaldo Moreira PP S

The Revolution Will Not Be Televised - O Outro Gil

The Revolution Will Not be Televised – Gil Scott-Heron You will not be able to stay home, brother. You will not be able to plug in, turn on and cop out. You will not be able to lose yourself on skag and skip, skip out for beer during commercials because the revolution will not be televised. The revolution will not be televised. The revolution will not be brought to you by Xerox In 4 parts without commercial interruptions. The revolution will not show you pictures of Nixon blowing a bugle and leading a charge by John Mitchell, General Abrams and Spiro Agnew to eat hog maws confiscated from a Harlem sanctuary. The revolution will not be televised. The revolution will not be brought to you by the Schaefer Award Theatre and will not star Natalie Woods and Steve McQueen or Bullwinkle and Julia. The revolution will not give your mouth sex appeal. The revolution will not get rid of the nubs. The revolution will not make you look five pounds thinner, because the revolution will