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Showing posts from February, 2012

Poesia Minha - Hino do Filho de Sétimo Dia

Hino do Filho de Sétimo Dia "¿Qué es la vida? Un frenesí. ¿Qué es la vida? Una ilusión, una sombra, una ficción, y el mayor bien es pequeño; que toda la vida es sueño, y los sueños, sueños son." – Pedro Calderón de la Barca, 'La vida es sueño' Saio cedo, não me importa o frio, nem me incomoda o medo. Sempre fui assim: esse homem esquisito que ninguém não podia entender. Desastrado improviso, obra má, de má argila, sou também irmão e seu semelhante. Meu pai já morreu; o que ele me deu e o que ele me tirou inteiram a fôrma exata da minha dor. Meu pai aviava, meticuloso e ardente, o elixir da longa morte que hei de tomar todo dia de manhã, daquela segunda-feira há sete dias passada até o resto da vida. Começou a temporada de caça! Chegou minha hora! Chegou minha vez! Frenesi ou ilusão, sombra ou ficção: todos os meus sonhos dançam sua morte com os pés no chão; são cinzas, cabem agora

Poesia Mexicana - Jaime Sabines 2

VII Madre generosa de todos los muertos, madre tierra, madre, vagina del frío, brazos de intemperie, regazo del viento, nido de la noche, madre de la muerte, recógelo, abrígalo, desnúdalo, tómalo, guárdalo, acábalo.

Poesia Mexicana - Jaime Sabines

[ilustração: cemitério em ouro preto] Este é o sexto fragmento de poema de Sabines sobre a morte do seu pai: Sobre la muerte del coronel Sabines VI Te enterramos ayer. Ayer te enterramos. Te echamos tierra ayer. Quedaste en la tierra ayer. Estás rodeado de tierra desde ayer. Arriba y abajo y a los lados por tus pies y por tu cabeza está la tierra desde ayer. Te metimos en la tierra, te tapamos con tierra ayer. Perteneces a la tierra desde ayer. Ayer te enterramos en la tierra, ayer.

Prosa minha - Um conto de fadas

“Aconteceu há muitos anos atrás num reino distante no vale de um rio antigo que hoje corre debaixo da terra. Lá vivia um príncipe-menino, que apesar de príncipe era mandado por todo mundo: pelos pais, pelos avós, pelos irmãos mais velhos e até pelo pessoal do palácio. O menino tomava puxão de orelha quando falava alto e palmatória quando falava baixo, bofetão quando falava demais e beliscão quando falava de menos, peteleco quando falava mentira e cocão quando dizia a verdade. Tinha uma lista comprida de coisas que ele não podia fazer: não podia comer nem demais nem de menos, não podia esquecer nem os tamancos no quintal nem o turbante no banheiro, não podia dormir deitado de barriga para baixo nem comer em pé encostado no guarda-corpo da varanda. A vida desse príncipe-menino era assim: só aborrecimento e contrariedade. No primeiro dia da primavera em que ia fazer 13 anos, o príncipe-menino encontrou um cartãozinho no chão do jardim do palácio. O cartãozinho cabia na palma da
Meu pai nunca gostou muito de música popular. Ele gostava mesmo de ópera e música erudita e chegava a implicar com Caetano Veloso e Gilberto Gil. Mas eu me lembro claramente a sessão conjunta em que a família se reunia em volta do toca-disco dele para ouvir o novo disco de Chico Buarque que ele tinha comprado. Assim foi até que a ditadura acabou e a trepidação de ouvir o que o Chico dizia diminuiu. Mas naquelas sessões outras lições que não tinham nada a ver com política eram aprendidas também.

Quantificando qualidade

A mídia adora rankings. Os melhores escritores, a melhor pizzaria, o melhor jogador de futebol, o rocambole mais comprido, o ator mais sexy, traseiro feminino mais volumoso: parece que tudo na nossa vida pode ser organizado em rankings, inclusive as universidades. Suspeito até que, se as universidades privadas no Brasil não fossem tão explicitamente desfavorecidas nos rankings da área, a imprensa nacional daria ainda mais destaque aos tais rankings. Nos EUA, de onde suponho vem essa voga dos rankings, o mais famoso e influente ranking de universidades é o da revista US News , que o publica anualmente desde os anos 70. As queixas por parte das universidades sobre os critérios desses rankings são antigos. Por exemplo, os diretores das escolas de medicina americanas se reuniram recentemente para oferecer mais um retrato tremendamente crítico da metodologia da US News como “a one-size-fits-all measure that is flawed by its use of inadequate metrics, low response rates, conflict-o

Pedras da Nova Inglaterra, pedras do sertão

A educação pela pedra Uma educação pela pedra: por lições; para aprender da pedra, freqüentá-la; captar sua voz inenfática, impessoal (pela de dicção ela começa as aulas). A lição de moral, sua resistência fria ao que flui e a fluir, a ser maleada; a de economia, seu adensar-se compacta: lições de pedra (de fora para dentro, cartilha muda), para quem soletrá-la. Outra educação pela pedra: no Sertão (de dentro para fora, e pré-didática). No Sertão a pedra não sabe lecionar, e se lecionasse não ensinaria nada; lá não se aprende a pedra: lá a pedra, uma pedra de nascença, entranha a alma.

Diário da Babilônia - New Haven, Wall Street, minha mesa

Diário da Babilônia - New Haven, Wall Street

Eis a rua onde fica meu escritório, que fica logo acima do barbeiro, indicado pelo tradicional poste listrado. Neste semestre sumamente conveniente, minhas duas aulas são dadas do outro lado da rua. Logo em primeiro plano o "rack" das bicicletas, de onde a minha foi roubada.

Fragmentos de "Fuga" de Vidas Secas

Só lhe restava jogar-se pelo mundo, como negro fugido. Podia continuar a viver num cemitério? Nada o prendia àquela terra dura, acharia um lugar menos seco para enterrar-se. Trabalhava demais para não perder o sono. Mas achava-se desamparada e miúda na solidão, necessitava um apoio, alguém que lhe desse coragem. Falou no passado, confundiu-o com o futuro. Não poderiam voltar a ser o que já tinham sido? Não seria bom tornar a viver como tinham vivido, muito longe? Então eles eram bois para morrer tristes por falta de espinhos? Chegariam a uma terra desconhecida e civilizada, ficariam presos nela. E o sertão continuaria a mandar gente para lá.

Teddy Bear

“I don’t go so far as to think that the only good Indians are dead Indians, but I believe nine out of ten are, and I shouldn’t like to enquire too closely into the case of the tenth.” Theodore Roosevelt, aquele bonachão risonho e tímido interpretado por Robin Williams no filme Uma Noite no Museu , quando ele se apaixona pela índia Sacagawea, guia e intérprete de uma famosa expedição pelo oeste americano no começo do século XIX. Aqui abaixo vemos Roosevelt, já aposentado, se divertindo em caçadas no sertão brasileiro com Rondon Pacheco. Suponho que, felizmente, na falta de um pele vermelha sobrou para esse veado campeiro…

Graveola e o lixo polifônico - Farewell Love Song

Sim, há algo além daqui e existe um mundo além de nós dois e existe amor além, eu sei. É, que bem a vida fez aqui, a sorte de encontrar um amor, a sorte de encontrá-lo em você Deixa estar, que a gente vai sobreviver em som, onde houver canção, sabe bem melhor assim, eu sei Não, prefiro não fugir do que foi, preciso acreditar no que flui e sei que o que há de vir é melhor pra mim. Se bem que a vida vai e vem e à sorte da distância é melhor guardar os fragmentos sem perder o amor. Deixe estar, que a gente sabe a solidão em sol, onde o coração alimente o rastro que deixamos por aí.

Poesia Minha - Variações sobre nós dois

Seis variações sobre nós dois … el Océano ejemplificaba tangible y espetacularmente la hostilidad y extrañeza de la realidad cósmica y, en cuanto límite de la Isla de la Tierra, no le pertenecía al mundo y, por lo tanto, no se le consideraba como susceptible de posesión juridica u objeto para el ejercicio de la soberania de los príncipes. Edmundo O’Gorman I Mar alto, cego, indiferente, digere um punhado de pó; dissolve o grão, consome o seco, desmonta a oferta do escolho. II Incham os músculos do rio, rasgam as margens de pano, caçam o cascalho da beira, abraçam, sufocam o saibro, enterram farpas de pedra no campo santo de seixos, silenciosa fábrica de limo. III A chuva fina insiste e encharca a laje, se enfia pelos cantos mais duros, infiltra o reto, corrói o plano, cava veios, apodrece a prazo a própria catacumba de calcário. IV Nudo, baço, manso, obscuro lago, dorme inerte no