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Showing posts from April, 2021

Diário de um jardim 2 - Primavera

 1. Abril e maio é época de chuvas aqui em Oklahoma. Eventualmente, tempestades bombásticas. Muito raramente, um tornado passando mais ou menos por perto. Além da universidade, temos o nosso abrigo aqui em casa numa espécie de porão - coisa incomum aqui. Já está todo mais ou menos arrumado: com água, lanternas, bolsinha de primeiros socorros, baralho. Falta uma mesa portátil e quatro cadeiras, só. Depois de quatro anos está tudo tranquilo nesse quesito.  2. Com as chuvas constantes, fica tudo muito verde no jardim, e agora ainda está tudo muito tenro com a primavera ainda no seu início. Tivemos uma semana de frio para valer no inverno [vários graus abaixo de zero por mais ou menos uma semana] e com isso perdemos algumas plantas. Um bambuzal imenso foi reduzido a folhas cinzas até que as chuvas deixaram quase que só o bambus mesmo. Bambu é duro na queda e eles já começaram a brotar com aquela velocidade de filme de terror ao lado dos pés mortos.   3. Plantei então umas ervas novas no me

Arqueologia: Diário de Leitura de 22 de julho de 2019

Trombei com esse post nunca publicado. Mal sabia eu que não voltaria mais para o Brasil.  Vai chegando a hora de ir embora e o coração começa a apertar, cada dia mais um pouquinho. Minha casa não é bem o Brasil, nem Minas Gerais. Minha casa é Belo Horizonte. Aqui eu cresci e me tornei gente [e custou]. Está na hora de voltar, diz o meu coração já há muito tempo, mas a vida não ajuda em nada e minha família não quer, mas o coração aperta mesmo assim.  Nesse baixo astral vou intercalando as leituras de trabalho com  Vermelho Amargo de Bartolomeu Campos de Queiróz, um livro bem curtinho e impactante pela sintonia que ele tem com esse meu momento. Um porção de trechinhos que me impactaram, e principalmente este: No trabalho, lendo Benito Juárez, um gigante: "Que el pueblo y el Gobierno respeten los derechos de todos. Entre los individuos, como entre las naciones, el respeto al derecho ajeno es la paz."

Notícias do jardim aqui de casa

1. Criar plantas a partir da semente é um processo bem complicado. Até agora tive mais fracassos que sucessos. Tenho dificuldade para arrancar um de dois brotos que disputam o mesmo espaço. Fico tentando cuidadosamente arrancar um deles para transplantar e acabo matando os dois.  2. Aliás tenho dificuldades em retirar certos tipos de "mato" - se ele é bonitinho logo me enterneço. Fiz um carramanchãozinho com bambu e arames para um bando de trepadeiras matozas e foi meu único caso realmente feliz de "jardinização" de plantas vagabas. Dentes de Leão eu amo e me recuso a tirar, definitivamente. Abomino usar veneno para matar pragas ou ervas daninhas. Fico me convencendo que sou frouxo assim porque o jardim ainda tem muito o que crescer. O imenso bambuzal no fundo do terreno parece que morreu com uma semana de frio glacial que tivemos esse ano - o bambu é uma praga assustadora que vai se espalhando e crescendo com uma velocidade impressionante - e fico olhando para a co

"O que é que falta acontecer?"

 Uma constante nesses dias tenebrosos: saber de alguma notícia nova do Brasil e pensar "o que é que falta acontecer?" Os absurdos vão acontecendo, as reações absurdas vão aparecendo, mas parece que o barco continua seguindo em frente. A última é que pela primeira vez morreram mais brasileiros do que nasceram num mesmo dia. Os mortos são chamados de "leite derramado". O leite continua sendo derramado aos borbotões. "O que é que falta acontecer?"  Aqui, na vidinha pessoal, que transcorre também com seus momentos tenebrosos, recebo mensagem da universidade onde reina, como de hábito, a truculência no trato com os estrangeiros que trabalham com vistos. A mensagem me refere a declarações do governo dos Estados Unidos que impõem restrições severas para viagens a certas partes da Europa e especifica África do Sul, Inglaterra e Brasil por causa de novas cepas do Covid-19 nesses países. Aparentemente vou passar três anos sem ir ao Brasil.  Perto da mortandade inacr