Primeiro matam a língua
com luvas de borracha,
põem o corpo inerte na mesa,
fazem incisões precisas
esticam e medem centímetros,
anotam dados nos cadernos de notas,
abrem o coração frio e duro,
tiram moldes em gesso dos vazios,
nomeiam e numeram
cada músculo despregado dos ossos
preservado perfeito em gelo picado,
serram o côco, tiram o miolo
em quartos guardados em sacos plásticos
selados e seriados,
dissecam a matéria com a lupa,
remontam no papel a estrutura,
a matemática dos desejos,
a álgebra das metáforas,
a fisiologia das vontades.
E quando chegam em casa,
sabem que não fizeram nada.
com luvas de borracha,
põem o corpo inerte na mesa,
fazem incisões precisas
esticam e medem centímetros,
anotam dados nos cadernos de notas,
abrem o coração frio e duro,
tiram moldes em gesso dos vazios,
nomeiam e numeram
cada músculo despregado dos ossos
preservado perfeito em gelo picado,
serram o côco, tiram o miolo
em quartos guardados em sacos plásticos
selados e seriados,
dissecam a matéria com a lupa,
remontam no papel a estrutura,
a matemática dos desejos,
a álgebra das metáforas,
a fisiologia das vontades.
E quando chegam em casa,
sabem que não fizeram nada.
Comments
Pensei logo nas aulas d anatomia da faculdade.
Era tão dificil estar ali...
E imagino a barra das aulas de anatomia...