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O Outro

Michael Bérubé escreveu sobre os problemas do campo dos Estudos Culturais na academia nos Estados Unidos, sempre com o horizonte de comparação na Inglaterra. O artigo é interessante e o que mais me chamou a atenção foram essas duas passagens em que ele lida com um dilema fundamental em vários campos, inclusive na literatura de ficção: como realmente compreender uma crença qualquer radicalmente oposta à sua, como olhar de fato para o outro - o outro mesmo, não o outro que parece com a gente.

(…) much of the American academic left continues to subscribe to the "manufacturing consent" model, in which people are led to misidentify their real interests by the machinations of the corporate mass media. The point to be made in response is not that corporate mass media don't dupe people; on the contrary, they do it every day. The point, rather, is that work like Hall's on the ideological underpinnings of deregulation and privatization under Thatcher (which he called "authoritarian populism") shows that the situation is much more complicated than that propaganda model. The left's task would actually be easier if all it had to do was expose lies as lies. Instead, you have to do a great deal of groundwork in civil society to try to forge an egalitarian response.
(…)
What, in other words, actively makes sense to people whose beliefs you do not share? Hall proposed that leftist intellectuals should not answer that question by assuming that working-class conservatives have succumbed to false consciousness: "It is a highly unstable theory about the world which has to assume that vast numbers of ordinary people, mentally equipped in much the same way as you or I, can simply be thoroughly and systematically duped into misrecognizing entirely where their real interests lie. Even less acceptable is the position that, whereas 'they'—the masses—are the dupes of history, 'we'—the privileged—are somehow without a trace of illusion and can see, transitively, right through into the truth, the essence, of a situation."

Fonte:
September 14, 2009
What's the Matter With Cultural Studies? - The popular discipline has lost its bearings
Michael Bérubé
http://chronicle.com/article/Whats-the-Matter-With/48334/?sid=cr&utm_source=cr&utm_medium=en

Comments

sabina said…
eu li os tópicos sobre estudos culturais no wikipedia, porque precisava me situar sobre raymond williams. até que os verbetes não são ruins.

me parece que a idéia original de gramisci era mais complexa do que os derivados. parece que o mesmo aconteceu c/ adorno.

é algo que me interessa, mas nunca me dediquei muito.
Eu gosto muito do que eu conheço do trabalho do Raymond Williams, que além do mais tem uma prosa clara e objetiva. Era um grupo de pessoas que vinha da classe operária inglesa que chegava pela primeira vez à universidade com um vigor e um ponto de vista novo. Um dos pontos centrais era justamente olhar para a cultura de massa e a cultura popular de outra forma, sem as idealizações ou demonizações de antes. Agora, os que vêm depois... Mesmo o Stuart Hall [a ufmg tem uma coletânea de artigos dele], com todos os méritos que esse trecho deixam claro, me parece equivocado várias vezes.
R.Williams tem uma escrita linda.

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