“Sem esquife e sem a menor peça de roupa são atirados numa cova que nem tem dois pés de profundidade. Levam o morto e o atiram no buraco como a um cão morto, põem um pouco de terra em cima e se alguma parte do corpo fica descoberta, socam-no com tocos de madeiro, formando um mingau de terra, sangue e excrementos.”
Carl Seidler, testemunha ocular, descreve o cemitério do Valongo, que a copa do mundo tirou da tumba do esquecimento, no livro Dez anos no Brasil. Sobre as pesquisas e sobre o genocídio que o Brasil finge que nunca aconteceu, leia aqui. Eram 50 "casas de carne" comerciando homens, mulheres e crianças africanas. Eis uma outra testemunha ocular, Charles Brand:
“A primeira loja de carne em que entramos continha 300 crianças, do sexo masculino e feminino. O mais velho podia ter 12 ou 13 anos e o mais novo, não mais de 6 ou 7. Os coitadinhos ficavam agachados num armazém imenso, as meninas de um lado e os meninos do outro para ser melhor inspecionados pelos clients; tudo o que vestiam era um avental xadrez branco e azul, amarrado na cintura; e, não estivessem separados, seria impossível discernir os meninos das meninas. […] O cheiro e o calor da sala eram opressivamente repugnantes. Meu termômetro indicava 33ºC. Estávamos no inverno; como passavam as noites de verão, não sei dizer, pois nesse cômodo único eles viviam e dormiam, no chão, como gado, sob todos os aspectos.”
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