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Segunda versão: dormindo estamos mortos pro mundo


dormindo estamos mortos pro mundo

dormindo estamos mortos pro mundo
não há dor não há mágoa não há pena
se o mundo não quer dormir conosco
não me diga que é nosso o problema

nos deitamos antes que escureça
acordamos no final da manhã
terminamos a sesta quando cai a tarde
hibernamos no fim de semana

o pijama é nossa segunda pele
a cama escura, nosso endereço certo
ainda que o coração teime em bater

seguimos impenitentemente dormentes,
não há dor não há mágoa não há pena
que nos entorpeça o prazer de não ser

Em nome do Valium,
Arte minha: Braços de Morfeu
do Rivotril
e do Lexotan com Champagne
agradeço pela alface,
pela aveia, pelo maracujá,
pela cachaça e pela camomila
na nossa mesa de todo dia.
Peço auxílio aos santos
Magnésio, Frontal, Lorax e Dalmadorm,
e proteção às deusas
Tranxilene, Maconha e Morfina.
Que todos me embalem,
homo, qui nocturno pollutus sit somnio 
extra casta ad aeternum,
Amém.

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