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Exaustão 2022

 

Colagem minha: democrazy

Acho que o termo mais justo seria dizer que eu estou exaurido pela campanha eleitoral. Não sei de nada de substancial, de nenhum debate de ideias, que tenha acontecido esse ano. As pesquisas registram - imperfeitamente - a vontade das pessoas em votar por um dos candidatos. Um registro mudo. Por que tanta gente vota em Bolsonaro? O que leio são meras suposições, tentativas que arranjar ideias em torno dos supostos fatos, justificando-os.

Mas ninguém se exaure com tanto vazio.

A canseira vem da avalanche diária de absurdos. Em ordem aleatória, puxando pela memória:

- Briga e tumulto na festa de Aparecida e casos de gente até alvejada por tiros durante cultos;

- Empresas ameaçando demissão ou dando descontos para quem vota no atual presidente;

- Um coordenador de campanha recebendo com tiros de fuzil e granadas a visita da polícia federal e depois o candidato negando sequer conhecer pessoalmente o sujeito;

- Fantasias sexuais perversas envolvendo menores de idade "colorindo" lorotas contadas pelo atual presidente e por uma recém-eleita senadora em campanha para ele;

-  Atentado que não é atentado em São Paulo;

- Um plano absurdo de achatar ainda mais salários e aposentadorias num dos países mais desiguais do mundo;

- Corte de verbas para leite de famílias pobres e para merenda escolar;

- Corte de verbas da Farmácia Popular;

E a exaustão se soma o inconformismo. Como é que depois de tudo isso as pesquisas indicam que o atual presidente perdeu 1% das intenções de voto?! Os palpitólogos falam na força do anti-petismo. Eu penso: isso não impede ninguém de votar nulo. 

Ninguém entre os tantos especialistas sabe o que está acontecendo. Ou se sabem não querem dizer publicamente. Isso também cansa.

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