Assisti ontem a uma palestra interessante em que os métodos “científicos” de pesquisas e campanhas eleitorais foram impiedosamente criticados como charlatanice pura. Donald Green, que deu a palestra, escreveu com Alan Gerber um livro sobre o assunto chamado Get Out the Vote - a ênfase num país em que o voto não é obrigatório é compreensivelmente fazer o máximo número de pessoas que apoiam seu candidato a sairem de casa e irem votar [ou votar pelo correio, coisa mais ou menos comum por aqui]. A eficiência de coisas como chamadas telefônicas eletrônicas, correio, e-mails, propagandas na TV é posta em dúvida por Greer. Quando comparados a grupos de controle os resultados são quase que invariavelmente pífios e os marqueteiros revelam-se como enganadores que fingem eficiência e precisão para poder vender mais do seu peixe. O que Green cita como fator capaz de influenciar as coisas em uma campanha? Um acompanhamento próximo com mais de uma visita pessoal ao provável eleitor [uma coisa cara e difícil de fazer com profissionais contratados] e a mais ou menos sutil pressão exercida pelos vizinhos e conhecidos – o que se chama em inglês de “peer pressure”.
Assisti ontem a uma palestra interessante em que os métodos “científicos” de pesquisas e campanhas eleitorais foram impiedosamente criticados como charlatanice pura. Donald Green, que deu a palestra, escreveu com Alan Gerber um livro sobre o assunto chamado Get Out the Vote - a ênfase num país em que o voto não é obrigatório é compreensivelmente fazer o máximo número de pessoas que apoiam seu candidato a sairem de casa e irem votar [ou votar pelo correio, coisa mais ou menos comum por aqui]. A eficiência de coisas como chamadas telefônicas eletrônicas, correio, e-mails, propagandas na TV é posta em dúvida por Greer. Quando comparados a grupos de controle os resultados são quase que invariavelmente pífios e os marqueteiros revelam-se como enganadores que fingem eficiência e precisão para poder vender mais do seu peixe. O que Green cita como fator capaz de influenciar as coisas em uma campanha? Um acompanhamento próximo com mais de uma visita pessoal ao provável eleitor [uma coisa cara e difícil de fazer com profissionais contratados] e a mais ou menos sutil pressão exercida pelos vizinhos e conhecidos – o que se chama em inglês de “peer pressure”.
Comments
meu pai se candidatou nesta eleição 2008, à vereador de uma cidade pequena (14 mil eleitores), e tive o desprazer de ter que participar da campanha. Isto porque me posto como profundamente desgostoso quanto à politicagem.
Mas concordo com seu post, pois, para fazer a tal politicagem (bem, política exige conhecimento, não?) é moralmente acertado fazer a visitação. E pude ver que os candidatos acordavem muito cedo para fazer visitação, e dormiam muito pouco. nesque quesito são batalhadores... já em cidades grandes não sei como funciona. Porém este esforço físico é acompanhado de um esforço monetário, em quase todas as casa que eu visitava, a primeira reação da pessoa era perguntar o que ela iria ganhar se votasse em meu pai, pouco importa o partido, a proposta ou o nome do candidato!!!!! teve um que chegou a dizer que arrumaria 5 votos se meu pai pagasse um exame para o cachorro!!! nisso meu pai perguntou se o cão tinha título eleitoral, responderam "ele é da família", e meu pai retrucou em tom cômico "é parente, então?"
A agremiação, ou arrecadação de votos, é para mim anti-ética. Mas gostei de uma das decisões de meu pai, que foi abrir o escritório (ele é advogado) todas as sextas feiras pela parte da manhã pra receber a população... será que vai dar certo?
mas lhe pergunto
- Quando se dá a distribuição social de renda, quando os candidatos dão dinheiro aos pobres para estes votarem (já que a consciência de que o voto é inestimável não vigora), ou quando os eleitos atuam politicamente? Qual resultado é mais 'justo', se é que um conceito variável deste termo existe(e outros: ética, moral, dever cívico).
meu tcc envolve seu tópico, se tiver tempo, dê uma olhada, tem aqui a apresentação, e o próprio, em .doc
www.culturaebarbarie.org/palimpsesto
abraço
Ramon
Sinto que a gente caminha mais ou menos peos mesmos caminhos, embora meu blogue seja so marginalmente sobre politica e primordialmente sobre literatura.
A fórmula científica, precisa e eficiente para ganhar uma eleição é buscada como um Santo Graal por marketeiros, cientistas políticos, candidatos e palpiteiros em geral. E todos eles saem por aí puxando a brasa para as suas sardinhas e espalhando as suas próprias certezas absolutas sobre o assunto: “O marketing não serve pra nada”, “O Lula não transfere votos”, “Quem tem mais de 60% de aprovação sempre ganha a reeleição ou faz seu sucessor”, “O que conta são as visitas pessoais e a pressão da vizinhança” etc, etc.
O que ninguém parece admitir é que cada eleição, cada cidade e cada cargo disputado tem as suas próprias características e sofre influências diversas que podem determinar o resultado da votação. Alguns exemplos:
Em São Paulo, o marketing eleitoral foi muito importante, mas outros fatores (como a forte rejeição ao PT) também foram decisivos para levar o Kassab para o segundo turno e em seguida à Vitória. Em BH, numa eleição que não teve candidatos de verdade, o marketing eleitoral foi TUDO, tanto no primeiro quanto no segundo turno. um jogo muito interessante de assistir. Em Vitória - ES - (onde trabalhei) saí com a péssima sensação de que o marketing não serviu para absolutamente nada e o resultado da eleição (ainda que favorável ao nosso candidato) foi definido por conjunturas e forças políticas totalmente alheias à nossa vontade.
De qualquer forma, acho que é uma grande bobagem pensar que o Marketing político é a raiz de todos os males e que faz parte de um jogo sujo para enganar o eleitor e vender os candidatos como sabonetes. Se Ulisses, Brizola e Covas não pensassem dessa forma idiota, nós não teriamos sido obrigados a escolher entre Collor e Lula em 89, Se o Gabeira não defendesse essa mesma idéia besta, o Rio não seria obrigado a amargar os próximos 4 anos nas mãos de Eduardo Paes.
Na minha opinião, o marketing eleitoral pode ser (e efetivamente é) usado como uma das melhores ferramentas para elevar o nível da política e fortalecer a democracia no nosso país. Afinal, para um bom político, é sempre mais honesto recorrer ao marketing do que abrir seu escritório às sextas de manhã para por em prática o velho e atrasado assistencialismo ou tentar (muito pilantramente) confundir compra de votos com distribuição social de renda.
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