[arte: desenho e colagem em ficha de biblioteca de Paulo Moreira] Morte sem fim ¡Hazme, Señor, Un puerto en las orillas de este mar! Eis o meu poema, pesadelo surdo da carne, que queima, punciona, rói, sangra. Flor que se abre pra dentro, estéril, cheia de mim, repetindo; presa na epiderme que me define, cheia de mim. Eu, seco como a sede do gesso, padecendo a fome do ar que respira, por um Deus inalcançável, rancor da molécula. Pântano de espelhos, solidão em chamas. Surdo pesadelo da carne. Ilhas de monólogos sem eco. Topo dum tempo paralítico. Ínfimo do olho que segue o curso da luz pela pele da gota de orvalho. Flor que se abre para dentro, afogada n’água estrangulada no copo. Poema que se afoga na garganta – Resta o poço ressecado, esgar de agonia: o poema.
Basicamente, mas não exclusivamente literatura: prosa e poesia.