Foto minha: "Achado" |
Conto de Fadas
Oh, let the sun beat down upon my face
And stars to fill my dream
I am a traveler of both time and space
I am a traveler of both time and space
To be where I have been
Eu me lembro da aquela noite
em que eu me deitei
acordado
no meu vagão mal-iluminado
num terno e delicioso êxtase de
agitação,
a maçã do meu rosto
queimando
o linho impecável da fronha
e o coração acompanhando a
batida
dos pistões da locomotiva
que puxava o trem
que me levava noite afora
para longe de Belo Horizonte
para longe da minha infância
para longe da calma caiada
da casa da minha mãe
rumo ao país desconhecido
da vida adulta,
para nunca mais voltar.
Eu imaginava minha mãe guardando
tudo o que eu deixei
atrás no tempo e espaço
de um quarto que não era mais meu
numa caixa de papelão,
dormindo coberta de pó
debaixo da cama.
Meu breve inventário:
na minha mão as curvas suaves de
um seixo,
nos ouvidos o ressonar de veludo
do vento,
nos olhos o amarelo pesado da lua
cheia,
na boca e nas narinas o sabor e o
cheiro
do couro curtido do assento do
trem,
no coração o rugido sincopado do
trem.
Eu tinha 17 anos
e cheguei à cidade onde não
conhecia ninguém.
Uma cidade onde não se conhece
ninguém é um deserto
e um deserto é o lugar onde alguém
se perde
ou finalmente se encontra consigo
mesmo.
Terra de gente dura, gente ruim,
gente que não pensa duas vezes
e
o próximo capítulo:
fracas aventuras de um tufo de capim
numa cidade toda feita contra
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