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É nisso que dá ter um TS Eliot no lugar de um Drummond...

Eu não gosto nem um pouco do oba-oba feito [principalmente em São Paulo] em torno ao modernismo brasileiro. Mas nossa tradição modernista nos traz grandes benefícios. Vejam o texto abaixo sobre o meio poético Americano atual e o problema da melancólica vontade de “grandeza” por lá:

“The easiest way to see this phenomenon in action is to look at a peculiar development in American poetry that has more or less paralleled the growth of creative-writing programs: the lionization of poets from other countries, especially countries in which writers might have the opportunity to be, as it were, shot. In most ways, of course, this is an admirable development that puts the lie to talk about American provincialism. In other ways, though, it can be a bit cringe-worthy. Consider how Robert Pinsky describes the laughter of the Polish émigré and Nobel Prize-winning dissident Czeslaw Milosz: “The sound of it was infectious, but more precisely it was commanding. His laughter had the counter-authority of human intelligence, triumphing over the petty-minded authority of a regime.” That’s one hell of a chuckle. The problem isn’t that Pinsky likes and admires Milosz; it’s that he can’t hear a Polish poet snortle without having fantasies about barricades and firing squads. He’s by no means alone in that. Many of us in the American poetry world have a habit of exalting foreign writers while turning them into cartoons. And we do so because their very foreignness implies a distance — a potentially “great” distance — that we no longer have from our own writers, most of whom make regular appearances on the reading circuit and have publicly available office phones.

In addition, non-American writers are the perfect surface upon which to project our desire for the style and persona we associate with old-fashioned greatness. One hesitates to invoke the dread word “colonialism” here, but sometimes you’ve got to call a Mayflower a May–flower. How else, really, to explain the reverse condescension that allows us to applaud pompous nonsense in the work of a Polish poet that would be rightly skewered if it came from an American? Milosz, for instance, wrote many fine poems, but he was also regularly congratulated for lines like: “What is poetry which does not save / Nations or people? / A connivance with official lies, / A song of drunkards whose throats will be cut in a moment, / Readings for sophomore girls.” Any sophomore girl worth her copy of “A Room of One’s Own” would kick him in the shins.”

Separei essa parte do artigo porque nos diz respeito quando fala da maneira perversa com que os americanos admiram certos autores de fora…

Comments

Só fiquei em dúvida se ele está realmente ridicularizando os versos ao final, ou as tais moças soporíferas (?)... quer dizer, não me parecem grandes versos, mas talvez em polonês soem bem.
Ele esta dizendo que, ainda que o cara seja um bom poeta, aqueles versos especificamente sao uma porcaria grandiloquente e que por eles o poeta mereceria era um bom chute da canela de qualquer sophomore [aluna universitaria do segundo ano de qualquer curso] munida da sua copia do livro da Virginia Woolf [ou seja iniciada no basico do feminismo literario].
Ah, que nome bonito para alunas do segundo ano!

Li o livro da V.Woolf há alguns anos, mas era uma tradução portuguesa e tive algumas dificuldades. Fiquei sem saber se a tradução era ruim, ou o livro mesmo, que se arrastava depois das primeiras páginas.
“A Room of One’s Own” eh um ensaio que ela escreveu para umas palestras em universidades de mulheres e foi publicado em 1929. Ela fala sobre a mulher escritora, o espaço que ela precisa para escrever, imaginando uma irma para Shakespeare e pensando nas dificuldades que ela encontraria se tivesse o mesmo talento do irmao. Eu li Mrs. Dalloway e adorei, mas tenho a impressao que todos esses modernistas, ainda mais traduzidos nas coxas, sao um porre de vez enquando.
Achei esse livro da Virginia Woolf online: http://ebooks.adelaide.edu.au/w/woolf/virginia/w91r/

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