“- Dói muito?
- Muito, Doutor. Dói demais.
Tem um país saindo de dentro de mim
e não entra nada no buraco que fica
latejando, velando minha insônia,
pedindo não sei bem o quê.
E não há tango argentino que resolva, Doutor.
Nem o tango argentino me resta.”
O melhor texto que eu já li passou ali
na minha frente quando eu nem esperava
nem queria. O capricho das palavras,
os caprichos da poesia, como os de Goya,
caindo de fora de dentro do meio
pediam pelo silêncio sutilmente histérico
da cidade que ainda é a minha casa.
Ela é que me faz falta.
O resto é um outro silêncio que me abraça
cada vez que eu encaro duro o fato
de que o ser humano
humano mesmo, como a imaginação humana
concebe nesse sonho que é a vida, não existe –
o ser humano de fato é assim,
que nem eu:
o ser humano mesmo
não passa mesmo
de um negocinho muito besta.
- Muito, Doutor. Dói demais.
Tem um país saindo de dentro de mim
e não entra nada no buraco que fica
latejando, velando minha insônia,
pedindo não sei bem o quê.
E não há tango argentino que resolva, Doutor.
Nem o tango argentino me resta.”
O melhor texto que eu já li passou ali
na minha frente quando eu nem esperava
nem queria. O capricho das palavras,
os caprichos da poesia, como os de Goya,
caindo de fora de dentro do meio
pediam pelo silêncio sutilmente histérico
da cidade que ainda é a minha casa.
Ela é que me faz falta.
O resto é um outro silêncio que me abraça
cada vez que eu encaro duro o fato
de que o ser humano
humano mesmo, como a imaginação humana
concebe nesse sonho que é a vida, não existe –
o ser humano de fato é assim,
que nem eu:
o ser humano mesmo
não passa mesmo
de um negocinho muito besta.
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