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Postal: Clarice Lispector me matou

Arte Minha: Auto-Retrato

"A morte é um encontro consigo.
Deitada, morta, era tão grande como um cavalo morto.
O melhor negócio é ainda o seguinte:
não morrer, pois morrer é insuficiente,
não me completa, 
eu que tanto preciso.

Macabéa me matou."
Clarice Lispector, trecho de A hora da estrela

Comments

Quem tem medo de Clarice Lispector?
Olha, na minha opinião Clarice Lispector é perigosíssima. Um daqueles cachorros que mordem em silêncio. E pulam na jugular. Às vezes acertam no nariz ou na sobrancelha da vítima, mas miram sempre no pescoço.
Perigosos somos nós, Clarice só faz tornar este fato inegável.
Aliás, essa é a graça (na minha opinião).
Anonymous said…
Concordo: gente em geral é um trem que não presta, Tata. O problema é que eu sou um homem medicado para não pular da ponte no Quinnipiac gelado [tenho dois filhos pra criar], então Clarice Lispector é uma coisa bem perigosa no meu caso. Agora amanhã à tarde eu tenho que dar aula sobre ela, então não tem escape!
Entendo. Passei uns anos fugindo de música e literatura. Parei eu mesma de fazer canção com medo do resultado delas nos outros. Ou seja, boa sorte na aula.
Anonymous said…
Eu conversei com os alunos sobre a galinha e o búfalo [dos contos de mesmo nome no Laços de Família] como dois extremos opostos: um ser que só consegue ser sem fazer nada a ninguém e um ser que é puro ódio. Macabea é a galinha e o narrador [incluindo aí Clarice] é um búfalo. Aí os alunos ficaram impressionados com aquela última entrevista [eu passei a parte em que ela fala sobre A hora da estrela]. E eu disse, pois é: Clarice sabia escrever sobre galinhas mas ela sabia ser búfalo também!
No Lustre a galinha e o búfalo são, provavelmente, a mesma pessoa: Virgínia. Ela ama tanto que odeia amar, porque sabe que vai perder o que ama. Então se afasta, e se afastando, morre. Prefere perder a si mesma do que perder seus amores.

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