Quando chega o inverno e a comida rareia, os corvos passam a viver em grandes bandos, que se reúnem assim, em qualquer lugar para "conversar" em congresso. |
2. Sobram as universidades. Sejam públicas ou privadas, se o dinheiro da pesquisa vem da indústria farmacêutica, as mesmas prioridades problemáticas de 1 se repetem. Os governos estaduais aqui nos EUA cada vez dão menos dinheiro às suas universidades, e cada vez mais indicam às universidades que se virem com financiamento externo ou federal.
3. As universidades, para fazer esse tipo de pesquisa, teriam então que ser financiadas por dinheiro público, do governo. E esse dinheiro teria que vir, é claro, de impostos. E nos últimos quarenta anos conseguimos nos EUA chegar aos níveis de taxação de antes da depressão.
4. O dinheiro mingua nos cofres do governo enquanto os "investidores" sentam em cima de bilhões de dólares, não sem antes financiar fartamente as campanhas de políticos que prometem cortar impostos ainda mais.
5. O ciclo já se repetiu inúmeras vezes, mas a narrativa é sempre a mesma:
a) são feitos cortes nos impostos, beneficiando principalmente os mais ricos;
b) faz-se anúncio de uma série crise fiscal;
c) os políticos dizem e a imprensa repete a mesma explicação: a crise fiscal é por causa do excesso de gastos, não da redução de receita;
d) o governo privatiza ou sucateia empresas e instituições públicas em nome da "austeridade fiscal";
e) Empresas privadas oferecem serviços "diferenciados" para saúde, educação e até segurança e as pessoas passam a pagar pelo que deveriam receber em troca dos seus impostos.
6. Só que agora, uma crise dessas proporções exige uma ação racional em larga escala e dentro de uma lógica que não é a do capital, especialmente a do capital financeiro. Isso, por si só não muda nada. Certamente não para melhor.
7. Suspeito que a ansiedade pelo fim da quarentena por parte da extrema-direita tem a ver com o pavor de ver mudanças realmente profundas nas coisas como estavam antes do corona. Pode ser também a percepção que agora é a hora da Revolução Reacionária de Steve Bannon e companhia.
8. Não sei. Não tenho bola de cristal. Não sou nem cientista político. Observo as coisas como estudioso de literatura, cultura e linguagem desde a perspectiva de um cidadão sem cidadania.
Comments
É uma boa oportunidade que temos para aprofundar a discussão e propor uma grande revisão do conceito de democracia, de serviços públicos essenciais, muitos dos quais deveriam estar no conjunto dos bens comuns inegociáveis e não transferíveis, em princípio, para a esfera privada.
Obrigado pelo texto e a reflexão.
Um abraço, Gustavo