Cada vez que eu leio alguém revoltado com com o sucesso gigantesco de algum músico ou de um programa de televisão ou de um livro, fico pensando:
1. Alguém conhece o Visconde d'Arlincourt? Ele era o rei de Paris nos anos 20 do século retrasado. A inglesa Anna Jameson no seu Diary of an Ennuyée descreveu assim a Paris que ela visitou:
“Le Solitaire rules the imagination, the taste, the dress of half Paris: if you go to the theater, it is to see the ‘Solitaire’ either as tragedy, opera or melodrama; the men dress their hair and throw their cloaks about them à la Solitaire; bonnets and caps, flounces and ribbons are all à la Solitaire, the print shops are full of scenes from Le Solitaire; it is on every toilette, on every work table; - ladies carry it about in their reticules to show each another that they are à la mode; and the men – what can they do but humble their understanding and be extasiés, when beautiful eyes sparkle in its defence, and glisten in its praise, and ruby lips pronounce it, divine, delicious, ‘quelle sublimité dans les descriptions, quelle force dans les caracteres! quelle âme! Feu! chaleur! verve! originalité! passion! &c.’
‘Vous
n’avez pas lu le Solitaire?’ said Madame M. yesterday. ‘Eh mone Dieu! il est
donc possible! vous? mais, ma chére, vous êtes perdue de reputation, et pour
jamais!’”
2. Já traduziu as letras do Black Eye Peas ou da Beyoncé ou do Queen? Já deu uma boa olhada no guarda-roupa da Britney Spears ou do Elvis em Las Vegas? Porque é que se pega no pé de músicos que fazem sucesso popular no Brasil com letras simples e visual "cafona"? Só porque não entendem as letras em inglês ou porque está se revestindo um preconceito de classe com um conceito estético?
3. Música pode ser para dançar também. Ou só para escutar e cantarolar junto. Conteúdo por conteúdo, rima por rima. as mesmas pessoas que esculhambar os brasileiros não tem a mesma exigência com certos "clássicos" da MPB que tem tantas abobrinhas e rimas pobres como qualquer bobagem que toca no rádio hoje.
3. Fazer um julgamento estético é uma coisa mais complicada do que parece. Que sentido faz dizer que Guimarães Rosa é melhor [ou pior] que Joyce? Que sentido faz comparar um carro popular com um tanque do exército?
2. Já traduziu as letras do Black Eye Peas ou da Beyoncé ou do Queen? Já deu uma boa olhada no guarda-roupa da Britney Spears ou do Elvis em Las Vegas? Porque é que se pega no pé de músicos que fazem sucesso popular no Brasil com letras simples e visual "cafona"? Só porque não entendem as letras em inglês ou porque está se revestindo um preconceito de classe com um conceito estético?
3. Música pode ser para dançar também. Ou só para escutar e cantarolar junto. Conteúdo por conteúdo, rima por rima. as mesmas pessoas que esculhambar os brasileiros não tem a mesma exigência com certos "clássicos" da MPB que tem tantas abobrinhas e rimas pobres como qualquer bobagem que toca no rádio hoje.
3. Fazer um julgamento estético é uma coisa mais complicada do que parece. Que sentido faz dizer que Guimarães Rosa é melhor [ou pior] que Joyce? Que sentido faz comparar um carro popular com um tanque do exército?
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