1. Belo Horizonte teve um segundo turno adiantado; com apenas dois candidatos com mais de 3%, as coisas tendiam a se resolver no primeiro turno mesmo. Achei a administração do Márcio Lacerda uma porcaria, particularmente na área da cultura, que acompanho mais de perto, e em várias obras inexplicáveis e intermináveis que me parecem, de longe, uma mistura de patetice e safadeza. Obviamente a maioria da população de BH que se animou a votar em alguém nessa eleição não concorda comigo. Mas foi um resultado apertado e o mundo não acabou. Em quatro anos tem mais. Para falar a verdade acho que "perdi" mais da metade das eleições para cargos executivos e talvez mais no caso do senado, onde nunca tive prazer de dizer que tinha um senadorzinho sequer eleito por mim. Azeite.
2. Vejo ainda com pesar a muito pouca atenção que é dada ao resultado da eleição legislativa, mas o fato é que certos pulhas instalados na câmara tiveram que suar para se reeleger e uns poucos se ferraram. Sabe como é: de pulha municipal a pulha estadual a pulha federal a pulha executivo. Essa gente é um bando de pulhas miúdos e torço para que, pelo menos, continuem miúdos. A grande novidade não aconteceu durante a campanha, mas antes, com o movimento Ocupe Câmara marcando de perto e divulgando a atuação dos vereadores, no meu caso, pelo fcbk. Tomara que a ideia cresça, apesar das claras derrotas, com a reeleição de certas figuras execráveis.
3. A tendência de perder uma eleição e sair xingando "o povo" que não sabe votar me parece cada vez mais ridícula. Também é triste, mas revelador, ver muita gente progressista apelar para as piores pérolas da casa-grande quando estão frustrados. Nossa cultura ainda é muito autoritária e assim logo taxamos todos os nossos opositores de canalhas, energúmenos, imbecis, ladrões. Às vezes eles até merecem, mas os adjetivos pesados, usados com tanta frequencia assim, perdem o sentido.
4. Tenho respeito e admiração pelo Joaquim Barbosa, na humilde condição de leigo que acompanha o Supremo Tribunal pelos jornais. Acho positiva a atenção que o Supremo tem recebido de uns tempos para cá, mas tenho acompanhado pessoas inteligentes reduzirem seus juízos a pérolas dignas de torcedor em estádio de futebol. Assim, os juízes e políticos vão de heróis a vilões absolutos dependendo da opinião pessoal que a pessoa sobre um caso específico. Já vi gente inteligente, que ue respeito muito, dizer durante a eleição para presidente que a Dilma, tendo estado no ministério das minas e energia e sendo tão "técnica," ia saber exatamente o que fazer com Belo Monte e hoje anda cuspindo marimbondos e dizendo que a Dilma é uma assassina que solta uma corja de bandeirantes do século XXI para trucidar índios na Amazônia. Eu, quando quero ver um Fla-Flu, procuro o canal de esporte. Que os políticos falem assim, eu acho até lícito. Mas eu no máximo declaro voto e olhe lá.
2. Vejo ainda com pesar a muito pouca atenção que é dada ao resultado da eleição legislativa, mas o fato é que certos pulhas instalados na câmara tiveram que suar para se reeleger e uns poucos se ferraram. Sabe como é: de pulha municipal a pulha estadual a pulha federal a pulha executivo. Essa gente é um bando de pulhas miúdos e torço para que, pelo menos, continuem miúdos. A grande novidade não aconteceu durante a campanha, mas antes, com o movimento Ocupe Câmara marcando de perto e divulgando a atuação dos vereadores, no meu caso, pelo fcbk. Tomara que a ideia cresça, apesar das claras derrotas, com a reeleição de certas figuras execráveis.
3. A tendência de perder uma eleição e sair xingando "o povo" que não sabe votar me parece cada vez mais ridícula. Também é triste, mas revelador, ver muita gente progressista apelar para as piores pérolas da casa-grande quando estão frustrados. Nossa cultura ainda é muito autoritária e assim logo taxamos todos os nossos opositores de canalhas, energúmenos, imbecis, ladrões. Às vezes eles até merecem, mas os adjetivos pesados, usados com tanta frequencia assim, perdem o sentido.
4. Tenho respeito e admiração pelo Joaquim Barbosa, na humilde condição de leigo que acompanha o Supremo Tribunal pelos jornais. Acho positiva a atenção que o Supremo tem recebido de uns tempos para cá, mas tenho acompanhado pessoas inteligentes reduzirem seus juízos a pérolas dignas de torcedor em estádio de futebol. Assim, os juízes e políticos vão de heróis a vilões absolutos dependendo da opinião pessoal que a pessoa sobre um caso específico. Já vi gente inteligente, que ue respeito muito, dizer durante a eleição para presidente que a Dilma, tendo estado no ministério das minas e energia e sendo tão "técnica," ia saber exatamente o que fazer com Belo Monte e hoje anda cuspindo marimbondos e dizendo que a Dilma é uma assassina que solta uma corja de bandeirantes do século XXI para trucidar índios na Amazônia. Eu, quando quero ver um Fla-Flu, procuro o canal de esporte. Que os políticos falem assim, eu acho até lícito. Mas eu no máximo declaro voto e olhe lá.
Comments
A má noticia é que Coronel Telhada foi o 8. vereador mais votado.
Belo Horizonte agora tem o seu vereador "bandido bom é bandido morto" tbm. Fazer o que, né? O cara tem legitimidade e eu gostaria muito de saber quem são as pessoas que votaram nesses caras. Em BH bastam uns 5.000 votos, mas eu SP imagino que devam ser mais.
O problema é sempre o calor da hora.
De qualquer forma, mantenho que quem elegeu Lacerda não "optou" por determinada proposta de governo, porque simplesmente não há como se optar por algo se não se tem as informações para tanto.
É, por exemplo, a classe média conservadora que considera correta a maneira como age a polícia por aqui, ignorando outras maneiras, mais amplas, de lidar com o problema da segurança, das manifestações, do espaço público. É também uma classe C (ou algo que o valha) admirada com a promessa do BRT, sem saber que será um tremendo fiasco, que mudará 0% o trânsito da capital e a superlotação dos ônibus.
Há, claro, os que sabem de tudo isso e ainda optam por essa proposta. Mas é razoável presumir que esses são minoria.
Enfim, gente como Lacerda se elege por conta da despolitização do eleitor, por conta dos meios de informação que se eximem da responsabilidade de informar verdadeiramente ou, pior, que advogam em causa própria.
Mas o pior, depois dos últimos meses, é constatar que coisas como facebook e Twitter são bastante inúteis. Ele serviram muito bem em casos como a Primavera Árabe porque havia uma maioria indignada, que nas redes sociais apenas pôde descobrir que era maioria e assim se unir.
Nas bandas de cá, de nada adianta, porque os filtros de interesse e tal do facebook não mostram à maioria o que a minoria pensa. Vejo que ficamos os últimos meses num clube do bolinha virtual dividindo nossa indignação sobre Lacerda, Leo Burguês, Elaine Matozinhos, Pablito, enquanto lá fora muita gente desinteressada desse debate continuava achando lindo aquele monte de retroescavadeiras esburacando a cidade.
É, no final das contas, deprimente.
Eu já devo ter feito a mesma coisa 1000 vezes. Eu já vi o eleitorado escolher para o senado por MG Júnia Marise, José Alencar, Eduardo Azeredo, Eliseu Resende, Arlindo Porto, Aécio Neves, Hélio Costa e perdi em todos esses casos votando em pessoas que acho que poderiam ter sido excelentes senadores.
Li um artigo interessante na New Yorker que diz que mesmo no caso da primavera árabe o movimento decolou porque foi muito, muito além dos círculos que frequentam a internet. Uma grande maioria da população não usa fcbk nem twitter e nem tomou conhecimento de muita coisa. O movimento Fora Lacerda tentou fazer isso, sair para as ruas. Mas é uma coisa bem mais difícil. Escutei muito a Rádio Itatiaia nos dois meses que passei aí e fiquei triste com o impacto que aqueles caras têm. Os meios de comunicação na cidade estão na mão de gente desqualificada e mal-intencionada na maior parte das vezes.
Eu também acho que eleger o Lacerda foi um erro, mas, enfim, muitas pessoas pelo jeito acham que ele foi um bom prefeito.