Daniel Sada |
"Pode-se viver longe, muito longe, lá onde não chegue estrada alguma nem por perto passe estrada de ferro: num velho aposento perdido na planície; lá onde não existem nem veredas fortuitas nem inimigo que invista, nesse duro espaço que amolda vontades e cede ao abandono deixando atrás de si os ares mundanos, a sociedade fumaceira que nunca para, as tentações do imediato. A troca de... optar e para sempre pelo retiro, pela experiência viva que afina os sentidos e alarga o quanto forma. Acaso é necessário? Não, mas a certa altura, sim – aproximadamente – pode-se viver só. Longe, onde o tempo não premia as sabias lentidões."
Sada conhecia muito bem e era um leitor muito inteligente de Guimarães Rosa, que ajuda o escritor mexicano a criar uma sintaxe livre com invenções lexicais que não são fáceis de encontrar na prosa espanhola.
Eis o original do parágrafo:
"Se puede vivir lejos, muy lejos, allá donde no llega ninguna carretera ni hay vías de tren cercanas: en un viejo aposento perdido en la llanura; allá donde no existen ni veredas fortuitas ni enemigo que salte, en ese duro espacio que amolda voluntades y cede al abandono dejando tras de sí los aires mundaneros, la humeante sociedad que nunca para, la tentaciones prontas. A cambio… Optar y para siempre por el retiramiento, por la experiencia viva que afina los sentidos y alarga cuanta forma. ¿Acaso es necesario? No, pero alguna vez sí -aproximadamente- se puede vivir solo. Lejos, donde el tiempo no premia las sabias lentitudes." [Pode-se ler o conto aqui]
Pode-se também escutar o conto lido pelo próprio autor, e aí se ter a ideia clara de que estamos lendo prosa que se aproxima de poesia:
Pelo que sei Sada continua inédito no Brasil, apesar do avanço nas traduções de autores que escrevem em espanhol.
Comments