Foto minha |
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Machado
de Assis habita as entrelinhas de si mesmo, espreitando cheio de intenções
terceiras seu triste e solene leitor, semeando sugestões e evocações terríveis
sobre a nossa pobre mesquinharia podre do dia-a-dia, plantando uma penca de
latências cruéis atrás do nosso ouvido irritado, atuando incansavelmente, sempre
debaixo dos panos, sempre com a pior das intenções. Machado de Assis é um diabo.
Os bons
sentimentos aparecem na sala e Machado de Assis começa a bocejar maligno. O que ele gosta mesmo é
de afirmar e manifestar nas entrelinhas cruéis dos seus textos elegantes a
presença de um lobo com luvas de pelica dentro de cada um de nós.
Escrever
sobre Machado de Assis é render homenagem aos piores fantasmas do meu passado
mais íntimo. Mas eu não fujo da raia. Ao contrário; eu me inspiro nesse passado
com gosto de ferrugem e pesado como chumbo e me inspiro principalmente em
Machado de Assis: nessas linhas que escrevo às moscas apenas sorrio um
sorrisinho de Machado de Assis, oferecendo ao meu leitor a mesma balinha de ácido sulfúrico.
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