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Diário de Tenochtitlán: O Jardim Armonioso da Máfia

Nomes das cincos torres ao fundo: Alfonso Reyes, Octavio Paz, Carlos Fuentes, Carlos Monsiváis e Enrique Krauze


O texto de Benedetti é de 1972, mas poderia ter sido escrito em 2005. Já morreram o deus-faraó e o profeta mas poderia ter sido escrito ontem.

"La mafia mexicana fue –y todavía sigue siendo- una experiencia casi única en América Latina. Octavio Paz es su dios; Carlos Fuentes, su profeta. Entre sus miembros más conspícuos figuran el pintor José Luis Cuevas, y escritores tan talentosos como Carlos Monsivais, Juan García Ponce, Fernando Benítez, Tomás Segovia, Salvador Elizondo, José Emilio Pacheco, Marco Antonio Montes de Oca, y prácticamente la primera línea de la literatura mexicana más publicada y publicitada. Tanto en sus diálogos (públicos y privados) como en sus textos, la mafia usó un lenguaje que tenía sus claves, y de alguna manera hacía cómplices a sus miembros, de una actitud que llevaba implícito un menosprecio hacia las masas populares y sus reacciones primitivas o despojados silencios. Por otra parte, la sede natural de estos escritores no era Puebla o Guanajuato, sino la equidistante París. La “zona rosa” es en rigor una nostalgia europea.
En la mayor parte de las obras de estos literatos comparecía un México en crisis, y eso llegaba a ser una virtud notoria en libros como La región más transparente y sobre todo en La muerte de Artemio Cruz (sin duda, lo mejor de Carlos Fuentes), pero cuando leímos por primera vez esos textos fundacionales de la mafia, alcanzamos a ver un rasgo que hoy aparece nítida y retroactivamente iluminado por todo un quehacer posterior: a aquella crisis mexicana no se le buscó una solución mexicana. La mafia arremetió, no con furia, sino con corrosiva burla, contra el hieratismo y la retórica de un nacionalismo post revolucionario que se había quedado en una hueca solemnidad. Pero en vez de propiciar, junto al descarte de ese populismo, de ese patrioterismo falso, su reemplazo por ahondamiento en las tradiciones más aleccionantes, propuso una solución contraria y extrema: la disolución en un internacionalismo vistoso y prometedor, que no sólo incluyera la ventaja de convertir a los escritores en los hierofantes y administradores de un deslumbramiento mayor, sino que también les asegurara fama, traducciones, premios, becas, viajes, promoción publicitaria. El célebre boom fue en realidad una prolongación internacional de la mafia; y no es casual que los mexicanos hayan sido sus más fervientes y eficaces promotores.
Crear una literatura internacional era poco menos que una motivación ideológica de la mafia, y fue así que la “zona rosa”, si bien no contagió sus tonalidades a las distintas capitales latinoamericanas, sí en cambio logró extenderlas a algunas ciudades europeas, especialmente París y Barcelona, donde un creciente grupo de literatos latinoamericanos construye, en internacional placidez, poemas calificados y novelas experimentales, sin prejuicio de opinar intermitentemente sobre la realidad política de estas pródigas tierras, de cotidiano riesgo."

Senão vejamos apenas um trecho deste este texto onde o inacreditável Enrique Krause [digamos que o papa do que restou da máfia] fala no enterro de José Emilio Pacheco e diz que este era “…el custodio de ese jardín armonioso que alguna vez fue la literatura mexicana.” Expressão digna de uma sessão na ABL em Pindorama... 

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