Eu vivo em guerra porque eu vivo para a literatura e a literatura não vale nada no mundo de hoje. Dou um exemplo: Lygia Fagundes Telles ganha o maior prêmio literário da língua portuguesa (que aliás vem de um país com população e PIB menores que a cidade de São Paulo) e um jornal dá a notícia na seção cultural com menos destaque que um livro de um sujeito que ganhou um programa de "realidade". Então eu vivo em guerra contra a futilidade, a idiotice, a caretice, a ignorância e a cultura de patota que faz com que algumas pessoas finjam ler e adorar o que outras fingem escrever. Será que eu sou o único? Como as pessoas incapazes de encontrar um companheiro vão mandar anúncios para os jornais e para a internet para encontrar alguém, eu resolvi mandar às favas o orgulho e assumir que em carne e osso não consigo encontrar ninguém que viva em guerra como eu - e viver em guerra sozinho faz mal para o coração, a cabeça e o estômago.
Basicamente, mas não exclusivamente literatura: prosa e poesia.