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Showing posts from September, 2020

Música: "Not Going Anywhere" de Keren Ann

NOT GOING ANYWHERE Keren Ann This is why I always wonder: I'm a pond full of regrets. I always try to not remember rather than forget. This is why I always whisper When vagabonds are passing by: I tend to keep myself away from their goodbyes. Tide will rise and fall along the bay And I'm not going anywhere I'm not going anywhere People come and go and walk away But I'm not going anywhere I'm not going anywhere This is why I always whisper: I'm a river with a spell. I like to hear but not to listen. I like to say but not to tell. This is why I always wonder: There's nothing new under the sun. I won't go anywhere, so give my love to everyone.

Um filme sem vergonha de ser dramático: El espiñazo del diablo de Guillermo del Toro

Assim começa o filme El espiñazo del diablo : "¿Qué es un fantasma? Un evento terrible condenado a repetirse una y otra vez, un instante de dolor quizás, algo muerto que parece por un momento vivo aún, un sentimiento suspendido en el tiempo como una fotografía borrosa, como un insecto atrapado en ámbar."  O filme traduz visualmente essa ideia do fantasma com essa imagem: uma imensa bomba que cai de bico no meio do pátio do orfanato onde se passa o filme mas não explode. Uma das coisas mais admiráveis desse filme de Guillermo del Toro [como dos outros dois que ele fez em espanhol] é a força com que ele abraça esse gênero tão forte e tão incompreendido: o melodrama. Veja como se caracteriza Jacinto, o grande vilão do filme: "De todos los huérfanos,  tú eras siempre el más triste.  El más perdido.  Un príncipe sin reino."

Considerações irresponsáveis de uma Renata qualquer sobre Só Garotos da Patti Smith

  Só Garotos , da Patti Smith, era o que eu estava lendo antes do isolamento social começar. Minha amiga de apê trabalha como recepcionista numa unidade de saúde e, assim que a pandemia se oficializou, ela virou secretária especial da médica que atenderia somente os casos suspeitos de covid-19. Por esse e por outros motivos eu tive que arranjar um carro, fazer as malas com pressa e vir correndo para a cidade onde minha mãe está morando: se não, além de ter que lidar com meus próprios quadros de risco aumentados, não poderia visitar a mãe até que saísse uma vacina. Aí, na pressa e na falta de vontade de continuar lendo, eu acabei deixando o livro para trás.  Há poucos dias, eu estava zapeando pelo Instagram e vi uma bonita foto da Patti Smith com a máscara - assessório tendência - pendendo do bolso da calça preta. Não lembro se foi a revista New Yorker que postou, mas deve ter sido. A foto teve impacto em mim, sei lá por quê, e estou desde então matutando com meus botões o motivo de

Estátuas no chão

Recentemente um ex-aluno querido me mandou um texto de uma professora da sua atual universidade que causou polêmica. No seu texto ela critica enfaticamente a remoção de estátuas "polêmicas" pelo mundo afora a partir da explosão causada pela morte de George Floyd. Peguei pedaços do texto dela e escrevi comentários apontando alguns dos aspectos mais problemáticos do liberalismo europeu e aponto a ironia do texto ser produzido por uma pessoa vinda da periferia absoluta dessa Europa que ela enche a boca em chamar de "West" [ocidente]. “alleged offenses” This implies people are faking their outrage, which automatically dismisses their claims.   “there is no society without an ongoing conflict for social status between groups: that equalizes oppressors and oppressed as “two groups” This speaks of social classes, ethnic groups, etc. as if they were not fundamentally different and implies that the end [or at least the diminution] of oppression in any given society is impos

Minha tradução para "A cana dos outros" de João Cabral

A cana dos outros João Cabral de Melo Neto Serial e antes , 279-80 1 Esse que andando planta os rebolos de cana nada é do semeador que se sonetizou. É o seu menos um gesto de amor que de comércio; e a cana, como a joga, não planta: joga fora. 2 Leva o eito o compasso, na limpa , contra o mato, bronco e alheadamente de quem faz e não entende. De quem não entendesse por que só é mato este; por que limpar do mato, não da cana, limpá-lo. 3 Num cortador de cana o que se vê é a sanha de quem derruba um bosque: não o amor de quem colhe. Sanha fúria, inimiga, feroz, de quem mutila, de quem, sem mais cuidado, abre trilha no mato. 4 A gente funerária que cuida da finada nem veste seus despojos: ata-a em feixes de ossos. E quando o enterro chega, coveiro sem maneiras tomba-a na tumba-moenda : tumba viva, que a prensa. The Cane of Others trans. Paulo Moreira   1 Walking and scattering away sugarcane cuttings, he has none of the Sower of so many sonnets.   It’s less than a gesture of love; it’s a