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Showing posts from 2010

Francella - Un día de furia

Conheci Francella no filme "El secreto de sus ojos" como companheiro alcoólatra do personagem de Darín, um papel apenas discretamente cômico. No iutubio a gente encontra um monte de sketches do programa de televisão que ele tinha e vários são sensacionais, bem melhores que os correspondentes brasileiros. "Un día de furia" é uma série que traz um tipo classe média cheio de boas intenções mas já desconfiado de que a farsa que é a paródia latino americana do mundo norte-americano, que já é uma farsa de eficiência e alegria em si mesmo, vai desmoronar. A farsa vai desmoronando, ele vai perdendo a cabeço e aí... Eis aqui um dos meus favoritos:

Prosa minha: vida de cachorro

Fim de conto, homenagem ao nosso querido, saudoso Totó: " Enquanto a companheira se prepara para fugir pela porta que abre, o velho cão em pele e osso recosta a cabeça pesada sobre as patas em cruz e cai num sono profundo embalado pelo zumbido dos carros lá fora. Sonha com um gato malhado de olhos amarelados repugnantes, um pombo arrogante cheio de penas eriçadas, deliciosos chinelinhos peludos e sua verdadeira querida dona, que no sonho tinha um pedaço de pão besuntado de manteiga e um osso sujo de sangue em cada mão e cheirava a laranja podre, a cigarro apagado, a benzina e água de colônia, a pipoca e lã, urina e sabão e bosta de cachorro e chamava com a voz doce de amor e alegria. fiu, fiu, totooó, vem cá lindinho vem ... E no sonho o cão e a dona saíam juntos pela rua, ele se deliciando com cada poste e cada canto cheio de cheiros bons e os vira-latas com os olhos queimando de inveja rosnando com o pêlo das costas arrepiados latindo seis pernas , meleca de coleira... e os doi

Umberto Eco sobre Wikileaks

"El primer aspecto de WikiLeaks es la confirmación del hecho de que cada dossier abierto por un servicio secreto (de cualquier país) está compuesto exclusivamente de recortes de prensa. Las “extraordinarias” revelaciones americanas sobre los hábitos sexuales de Berlusconi no hacen más que informar de lo que desde hace meses se puede leer en cualquier periódico (salvo aquellos cuyo propietario es Berlusconi), y el perfil siniestramente caricaturesco de Gadafi era desde hace tiempo un tema corriente entre los artistas de cabaret. La regla según la cual los dossiers secretos no deben contener más que noticias ya conocidas es esencial para la dinámica de los servicios secretos, y no únicamente los de este siglo. Si va usted a una librería consagrada a publicaciones esotéricas, verá que cada obra repite (sobre el Grial, el misterio de Rennes-le-Château, los Templarios o los Rosacruces) exactamente lo mismo que dicen las obras anteriores. No se trata únicamente de que el au

Recomendo: para quem gosta de Jane Austen com Curry

A indústria cinematográfica indiana tem, além de filmes em Hindi, filmes falados em Tamil, que são feitos no sul do país em Chennai , na província de Tamil Nadu . Lá fizeram um adaptação muito boa de Sense and Sensibility de Jane Austen, bem melhor que essa idéia esquisita de juntar zumbis e monstros aquáticos com Austen que emplacou por aqui . Kandukondain Kandukondain [em inglês "I have Found it"] tem sacadas geniais como fazer do coronel veterano da colonização na Índia ser um capitão do exército indiano que perde a perna na intervenção da Índia no conflito no Sri Lanka [quando os rebeldes falantes da língua Tamil foram combatidos pelos indianos]. Isso além da heroína cair num bueiro numa enxurrada e da música linda, principalmente quando a gente tem legendas para entender a letra:

Umberto D, ou sem medo de ser infeliz...

Esse filme de Vittorio de Sica foi violentamente rejeitado na Itália na época em que foi lançado. Era 1952 e as misérias da Itália ninguém mais queria ver. O final do filme está aqui. De Sica disse que ainda que tenha comido o pão que o diabo amassou com o fracasso do filme, não o mudaria em nada, exceto as crianças que aparecem no final. Uma interpretação tocante de um professor aposentado que foi abordado no meio da rua e convidado a fazer o filme. Carlo Battisti pediu para passar em casa antes de ir se encontrar com De Sica e, de tão nervoso, colocou duas gravatas. Assim ganhou o papel.

Reciclando de 2007 - Proque o tempo passa mas nem tanto

Recebi essa mensagem daquele tipo de dinossauro pré-blog e facebook que fica mandando email para deus e o mundo com piadas sem-graça, mensagens de anjos etc. Acho isso uma invasão desnecessária, principalmente hoje em dia. Minhas barbaridades eu escrevo aqui e só lê quem quer e não fico enfiando tudo pela caixa de correio de deus e o mundo. E as barbaridades que eu quero ler eu procuro na rede. Eis a mensagem, incluindo o repasse: Sent: Monday, 19 November, 2007 6:58:53 AM Subject: Assistencialismo - Absurdo! Amigos e Amigas, BOA SEMANA!!! Repassando... Fiquei INDIGNADO! REVOLTANTE!!! Mas, em cada cabeça uma sentença, já dizia nossos antigos... Abraços História do Zelador que pediu para ser demitido !!! Interessante e verídico! IRREAL para um PAIS como o BRASIL!!! IRREAL... partindo de um opositor ferrendo da POLÍTICA SOCIAL anterior... O zelador de um prédio em Natal/RN, pediu à administração do condomínio onde trabalhava que o demitissem. C

Da série rir para não chorar, ou uma interpretação otimista dos sinais ambíguos:

Todos os caminhos levam à Vitória (e a Niterói e Cabo Frio)! E descendo eu ainda passo também por Campos… E o fotógrafo Tomaz Solberg ainda teve a presença de espírito de tirar sua foto no meio de um temporal!

Perguntas. perguntas, perguntas...

"Quem aqui não teve uma namoradinha que precisou abortar? Meus amigos, vamos encarar a vida como ela é." Sergio Cabral, governador do Rio de Janeiro, ontem, durante evento com empresários via João Villaverde . Três perguntas: 1. Quando ele disse "namoradinha" se referia exatamente a que tipo de relacionamento? Qual é a diferença entre uma namorada e uma namoradinha? Seria o aborto um assunto de namoradinhos [ou de cinquentões nostálgicos]? Ou seria um assunto mais de namoradinhas? Seria também assunto de namoradas? As outras mulheres, que não são namoradas ou namoradinhas, não tem nada com o assunto? Será que a Igreja é tão contra a legalização do aborto porque nunca teve namoradinhas? Será que a Igreja nunca teve namoradinhas? 2. Parece que ele estava naquele momento falando a um público exclusivamente masculino. Por que não havia empresárias no evento? Se pelo menos 20% do público na sala onde a declaração foi feita fosse feminino, o governador d

Folha de São Paulo em busca do Leitor Médio

O colunista Antônio Cícero do seu blogue anuncia sua saída: “Embora eu tenha tido, na Folha, leitores fiéis e de grande qualidade, parece que a quantidade dos mesmos era menor do que a que convém a uma coluna da ‘Ilustrada’ de sábado. Em outras palavras, meus artigos eram considerados difíceis e/ou desinteressantes pelo leitor médio.” E no site da folha a nova colunista Fernanda Torres anuncia sua entrada no sábado: "Gosto de ciência, história, comportamento, literatura e arte, mas adoraria entender de física, matemática, filosofia, geologia, poesia...". "Não há nada mais duvidoso do que uma atriz que escreve. Vamos ver se tenho fôlego..." "Como atriz, jamais trabalhei pensando em um público alvo. Isso deve ser uma falha, quanto mais hoje em dia, quando ninguém dá um passo sem uma pesquisa de opinião" E o “novo” time de articulistas da Ilustrada fica assim: Luiz Felipe Pondé (segundas), João Pereira Coutinho (terças), Marcelo

Música que fez minha cabeça 2 – Camarón de la Isla

Eles eram um bando jovens nascidos na parte mais miserável no sul esturricado de uma pobre Espanha enterrada num pesadelo católico/fascista de trinta anos. E usavam roupas e penteados que pareciam do tempo da Jovem Guarda ou de algum ídolo brega brasileiro. E falavam com sotaque forte de pé rapado, comendo o Ss no fim das sílabas e os Ds dos particípios. E usavam só apelidos ao invés de nomes e sobrenomes: o cantor era um cigano, que por ser muito branquelo azedo tinha o apelido de “Camarão da Ilha” e era acompanhado por um filho de portuguesa conhecido como o “Paco [apelido de Francisco] da Luzia” e depois também por um outro cigano cabeludo conhecido apenas como Tomatito [Tomatinho]. Eu tinha uns 17 anos e quando Camarón de la Isla abria a boca para cantar “Como el agua” – mesmo numa fita K7 fuleira num gravadorzinho vagabundo – legiões de anjos e demônios da minha adolescência saíam voando pela sala. Como el agua Limpiaba el agua del rio como la estrella de la mañana, limp

Entre o México e o Brasil I - Pedras

Foto: Gabriel Orozco: Piedra que cede A educação pela pedra Uma educação pela pedra: por lições; para aprender da pedra, freqüentá-la; captar sua voz inenfática, impessoal (pela de dicção ela começa as aulas). A lição de moral, sua resistência fria ao que flui e a fluir, a ser maleada; a de economia, seu adensar-se compacta: lições de pedra (de fora para dentro, cartilha muda), para quem soletrá-la. Outra educação pela pedra: no Sertão (de dentro para fora, e pré-didática). No Sertão a pedra não sabe lecionar, e se lecionasse não ensinaria nada; lá não se aprende a pedra: lá a pedra, uma pedra de nascença, entranha a alma.

Moreira da Silva romântico

Entre as personagens fascinantes de Beatriz Kushnir está Estera Gladkowicer , mulher da vida que foi namorada de Moreira da Silva. Para Estera Moreira da Silva esqueceu o Kid Morengueira e cantou em 1937 uma romântica Judia Rara , feita em parceria com Jorge Faraj , um filho de libaneses, e Roberto Martins . Estera morreu em 1968 por overdose de barbitúricos. A rosa não se compara a essa judia rara criada no meu país rosa de amor sem espinhos diz que são meus carinhos e eu sou um homem feliz Os olhos dessa judia cheios de amor e poesia dorme o mistério da noite brilha o milagre do dia A sua boca vermelha é uma flor singular e meu desejo uma abelha em torno dela a bailar.

Contraste entre entrevistadores, além das intenções, em termos de competência

Não é absolutamente minha intenção comparar Nixon com José Dirceu, mas sim comparar um jornalista que se prepara de verdade para fazer um sujeito admitir algo que ele ainda insistia em negar numa entrevista e um bando de patetas que não fazem o mínimo em termos de preparação e ficam achando que um sujeito vai confessar alguma coisa só porque eles querem...

Recomendo: Baile de Máscaras de Beatriz Kushnir

O assunto é a história de associações beneficentes de auxílio mútuo das comunidades de prostitutas e cafetinas judias [as chamadas "Polacas"] no Rio de Janeiro e em São Paulo. Tráfico humano, uma namorada de Moreira da Silva, a origem hebraica da palavra "sacanagem", lutas pelo poder dentro da associação, a luta para a compra de terrenos para oferecer um cemitério judaico digno aos "impuros" e outras histórias fascinantes. A autora tem um blogue sobre o livro com fotos incríveis - e ela tem ainda outro livro de história, fundamental para entender o período dos anos de chumbo, Cães de Guarda .

"Los Señores del Narco" - Para quem continua vibrando com a "Guerra do RJ"

O México está em polvorosa com a sua Guerra do Narco. O parlamento calou-se com um livro bomba que parece que vai deixar qualquer wikileak sobre funcionários do governo mexicano implorando por ajuda americana e admitindo ter perdido o controle da situação no chinelo: "Los Señores del Narco" Me permiti uma tradução livre e adaptada de um trecho da entrevista: "Meu livro não é um livro que alente essa falsa idéia que [complete aqui, por exemplo, o nome dos últimos chefes traficantes presos no Rio de Janeiro] são homens intocáveis, que estão metidos no morro, fugindo da justiça porque são muito audazes, são muito inteligentes, são todo poderosos. Isso é falso. Como esses homens que muitas vezes sequer possuem uma educação primária são os “senhores do tráfico”? Os Senhores do Tráfico não são esses, ou não apenas eles, mas sim ilustres politicos, policiais, empresários, militares, gente que querem fazer crer que são muito respeitáveis. [complete aqui o nome dos últimos traf

Poema meu: Saudades da Aldeia desde New Haven

Todas as cartas de amor são Ridículas. Álvaro Campos O Tietê é mais sujo que o ribeirão que corre minha aldeia, mas o Tietê não é mais sujo que o ribeirão que corre minha aldeia porque não corre minha aldeia. Poucos sabem para onde vai e donde vem o ribeirão da minha aldeia, 
 que pertence a menos gente 
 mas nem por isso é mais livre ou menos sujo. O ribeirão da minha aldeia 
 foi sepultado num túmulo de pedra para não ferir os olhos nem molhar os inventários da implacável boa gente da minha aldeia, mas, para aqueles que vêem em tudo o que lá não está, 
 a memória é o que há para além do riberão da minha aldeia e é a fortuna daqueles que a sabem encontrar. Não penso em mais nada na miséria desse inverno gelado estou agora de novo em pé sobre o ribeirão da minha aldeia.

Homenagem ao Ribeirão Arrudas

O Tietê é mais sujo que o ribeirão que corre minha aldeia, Mas o Tietê não é mais sujo que o ribeirão que corre minha aldeia Porque não corre minha aldeia.

Além da novelinha para Homer Simpson

Além muito além da novelinha para Homer Simpson que o sistema Globo e grande imprensa nos oferece goela abaixo está a opinião de Luiz Eduardo Soares, contundente e muito mais informativo em seu blogue , do qual reproduzo apenas um pequeno trecho: "O tráfico que ora perde poder e capacidade de reprodução só se impôs, no Rio, no modelo territorializado e sedentário em que se estabeleceu, porque sempre contou com a sociedade da polícia, vale reiterar. Quando o tráfico de drogas no modelo territorializado atinge seu ponto histórico de inflexão e começa, gradualmente, a bater em retirada, seus sócios –as bandas podres das polícias-- prosseguem fortes, firmes, empreendedores, politicamente ambiciosos, economicamente vorazes, prontos a fixar as bandeiras milicianas de sua hegemonia. Discutindo a crise, a mídia reproduz o mito da polaridade polícia versus tráfico, perdendo o foco, ignorando o decisivo: como, quem, em que termos e por que meios se fará a reforma radical das po

Poesia minha

Lendo Birthday Letters I A poesia não salva ninguém além de si mesma mesmo nos poemas dos suicidas dos frustrados dos covardes dos doentes terminais dos perversos fúteis mesmo quando em última instância a poesia lá de fato habita mesmo quando é o último recurso dos desesperados a poesia não salva ninguém além de si mesma. A poesia floresce lá onde menos se espera rabiscada na parede dum banheiro torpe nos olhos injetados dum leitor ainda mais torpe lá onde moram monstros engenhosos e a maldade condensada em dor jorra sem esforço dos poros do mundo a poesia floresce lá onde menos se espera Para a poesia o poema é como uma luva fria guardando vazia a memória da mão para a poesia o poema só se abre a um nada um corpo que morre num colchão nu no chão frio de uma cela vazia onde tudo o que não é morte é um ponto cego para a poesia o poema é como uma luva fria.

Ainda sobre Lobato, ainda de forma indiretíssima:

"German literature, too, labored under the influence of the political excitement into which all Europe had been thrown by the events of 1830. A crude Constitutionalism or a still cruder Republicanism, were preached by almost all writers of the time. It became more and more the habit, particularly of the inferior sorts of literati, to make up for the want of cleverness in their productions, by political allusions which were sure to attract attention. Poetry, novels, reviews, the drama, every literary production teemed with what was called 'tendency,' that is with more or less timid exhibitions of an anti-governmental spirit. In order to complete the confusion of ideas reigning after 1830 in Germany, with these elements of political opposition there were mixed up ill-digested university-recollections of German philosophy, and misunderstood gleanings from French Socialism, particularly Saint-Simonism; and the clique of writers who expatiated upon this heterogeneous conglomera

Quem tem medo de dançar com a Catrina?

A Catrina de Diego Rivera, de mãos dadas com um Diego menino, vestindo um longo cachecol/Quetzalcoatl: Rivera relia essa Catrina, invenção do genial José Guadaleupe Posadas: E a Catrina século XXI em Hasta los Huesos de René Castillo:

Como sempre atrasado...

Para quem quiser pensar com menos maniqueísmo nas eleições e na tese do país dividido, este mapa do Estado de São Paulo é uma ótima opção. Passando o mouse por cima dele você tem o resultado do segundo turno, município por município no país inteiro. Como toda a representação, ela é passível de leituras distorcidas [por exemplo, um município imenso mas com pouca gente fica super-dimensionado], mas é uma representação mais sutil do resultado, também pela diferença entre vermelho/azul mais forte ou mais claro. Os poucos e heróicos gatos pingados que acompanham esse blogue sabem que eu estou sempre atrasado, no mínimo três semanas atrás do noticiário. É fruto do meu temperamento bovino...

desencavando outra tradução minha

A história de uma hora Kate Chopin Sabendo-se que a Senhora Mallard sofria de um problema no coração, tomou-se todo o cuidado para dar-lhe a notícia da morte de seu marido da forma mais gentil possível. Sua irmã, Josephine, foi quem lhe contou, em frases desconexas, cheias de insinuações veladas que revelavam ao mesmo tempo em que ocultavam o que queriam dizer. Richards, o amigo de seu marido, também estava lá, ao seu lado. Fora ele quem passara pelo escritório do jornal quando lhe chegaram as informações sobre o desastre de trem com o nome de Brent Mallard no topo da lista de “mortos.” Mal se assegurara da veracidade da notícia através de um segundo telegrama, ele apressou-se em trazer a triste mensagem para antecipar-se a qualquer outro amigo menos cuidadoso e gentil. Ela não recebeu a notícia como muitas outras mulheres já o fizeram – com uma incapacidade paralizadora de aceitar o seu significado – e chorou imediatamente, com súbito e violento abandono, nos braços d

Fascismo Made in Brazil: Comentário típico de qualquer reportagem de O Globo

Essa violência ninguém agüenta mais!!!! Eu sou contra a violência mas tinha era que matar esse cara, mas antes tinha que castrar e esfolar ele todo!!!! CADEIA NESSA GENTE, na mãe dele que não ensinou nada pro filho, na irmã que não fez nada e na esposa que bem que aproveitou tbm, essa cachorra com certeza tem culpa no cartório. É muita corrupção esse povo ignorante CONTROLE DE NATALIDADE gente burra merece roubalheira favelado só impostos ninguém agüenta esse pessoal dos direitos humanos punir vigiar politicamente correto depois vem buscar o dinheiro essa mulambada TEM QUE MATAR!!! PENA DE MORTE NELES!!!! Ass. Morteaviolencia

O troco

O pop/rock britânico dos anos 60 era para Bettye LaVette uma onda musical que deslocou para um canto ela e todos os outros grandes cantores negros de R&B nos anos 60. Ironicamente foi interpretando essa canção pouco conhecida do The Who que LaVette finalmente chamou a atenção de um público maior, acontecimento seguido por um disco bem legal de reinvenções de canções de Beatles e Companhia por ela mesma. Bettye LaVette performs Reign Down O'er Me from Walter Smith on Vimeo .

Sobre história e racismo [uma reflexão indireta, portanto, sobre a polêmica sobre Monteiro Lobato]

Yale costumava exibir um certo retrato de Elihu Yale, homem que doou dinheiro, uma boa biblioteca e, assim, deu seu nome à instituição. Nesse retrato constava [no canto esquerdo como vocês podem ver] um escravo de bandana que segura uma carta de joelhos ao pé de Elihu. O retrato de Elihu [e sua impressionante peruca] foi exibido durante décadas numa das salas mais importantes da universidade, o “Corporation Room” onde os trustees se encontram. Você pode vê-lo, por exemplo nessa foto da revista Time, tirada durante a cerimônia de despedida de Charles Seymor, reitor da universidade de 1937 a 1951 [e note como a foto da revista já corta o inconveniente escravo quatro anos antes do começo do Civil Rights Movement de Martin Luther King]. Em 2007 o retrato e seus dois personagens saíram desse lugar símbolo de prestígio e poder para algum depósito bem trancado [suponho], gesto simbólico que foi acompanhado de uma justificativa meio desajeitada: o quadro daria a impressão incorreta que

José Emilio Pacheco - Em homenagem às eleições presidenciais

Antiguos compañeros se reúnen Ya somos todo aquello Contra lo que luchamos a los veinte años. Desde entonces , 1975-1978
Foto: Dia de Finados - Mixquic, Cidade do México [clique na foto] "O fato tem que ser melhorado no escrito para que o povo creia no acontecido." Antônio Biá, personagem de Narradores de Javé de Eliane Caffé.

Conto que traduzi há um tempão

Era uma vez Margaret Atwood - Era uma vez uma garota pobre, linda e muito boazinha, que vivia com sua madrasta malvada em uma casa na floresta. - Floresta? Floresta é um negócio passé , entende? Eu já estou cheia desse negócio de vida selvagem. Não é uma imagem adequada para a nossa sociedade, hoje em dia. Vamos de urbanidade, para variar. - Era uma vez uma garota pobre, linda e muito boazinha, que vivia com sua madrasta malvada em uma casa na cidade. - Agora melhorou. Mas eu tenho que questionar seriamente essa termo, pobre . - Mas ela era pobre! - Pobreza é uma coisa relativa. Ela vivia numa casa, não é? - É. - Então, em termos socioeconômicos, ela não era pobre. - Mas o dinheiro não era dela! Justamente a questão da história é que a madrasta malvada a obrigava a vestir roupas velhas e a dormir ao pé da lareira – - Ahá! Eles tinham uma lareira ! Com a pobreza , deixa eu te dizer, não tem lareira. Vamos ali na periferia, vamos subir a favela, vamos desce

Gregory Isaacs

Vejam como eu sou um homem otimista. Enquanto tanta gente nunca foi lá e quando pensa no Maranhão e se lembra da família Sarney, aliada de todos e antes de tudo de si mesma, eu não: quando eu penso no Maranhão, além de morrer de vontade de ir passar pelo menos uma semana por lá, me lembro que lá no Maranhão eles curtem há muito tempo o sensacional [infelizmente recém-falecido] Gregory Isaacs: Every time I hear the music and I make a dip, a dip Slave master comes around and spank I with his whip, the whip But if I don’t get my desire Then I'll set the plantations on fire My temperature is getting much higher Got to get what I require ‘Cause every time we do the work sometimes we are hurt, oh yeah Boss never do a thing but hold on to his girth But if I don’t get my desire Then I'll set the plantations on fire My temperature is getting much higher Got to get what I require Every time I hear the music and I move my hip, my hip Slave master comes around and spank I with his whip, a

estou achando quase impossível...

Flávia Cera tem um blogue muito interessante. Concordo com algumas coisas e discordo de outras, mas o que me atrai no blogue dela é o tom, um tom que eu agora percebo presente em muitos, mas não todos os meus blogues favoritos. Digo isso inspirado também por uma conversa que tive com a minha cara-metade sobre essas eleições e sobre um certo alívio de não ter que encontrar certas pessoas e ouvir certas barbaridades. Eu não acho que a barbaridade seja só uma questão de conteúdo, mas também de tom. Esse tom dos blogues de que eu estava falando é o tom das conversas que eu gostaria de ter nesses tempos difíceis. Porque uma opinião pode ser contundente e um discurso crítico pode estar engajado mas essa opinião contundente não precisa ser bélica e esse discurso crítico não pode ser panfletário. Acho que essa campanha eleitoral está sendo marcada pelos limites da nossa cultura autoritária, intolerante, violenta. A declaração de voto agora quase vira declaração de guerra, porq

Recordar é viver: os 2 desaparecimentos de Jorge Julio López [27-10-76 > 18-09-06]

Parte 2. “Una noticia, por mala que sea” Em 2003 as lei “Ponto Final” e “Obediência Devida” e os indultos de Menem foram anulados na justiça e no congresso com o apoio do novo presidente Kirchner. Em 2004 Etchecolatz pegou 7 anos pelo crime de roubo de bebês de prisioneros politicos, mas Etchecolatz foi mandado a cárcere privado, sob protestos veementes dos organismos defensores dos direitos humanos na Argentina. Em 2006 as leis de proteção aos criminosos da ditadura argentina tinham sido definitivamente derrubadas e Etchecolatz estava sendo novamente julgado pelo crime de genocídio, no dia 28 de junho de 2006 Julio López era uma das testemunhas de acusação. Aqui podemos ver algumas partes do testemunho de Julio López no julgamento de Etchecolatz: Acho o testemunho em si fortíssimo, talvez dispensando comentários, mais forte quando se pensa no seu desaparecimento pouco depois, ao fim do julgamento, Etchecolatz foi condenado a prisão perpétua. Mas Julio López não assistiu a

Recordar é viver: os 2 desaparecimentos de Jorge Julio López [27-10-76 > 18-09-06]

Primeira Parte: Fanáticos ou Cínicos? Jorge Julio López, pedreiro de profissão, nascido em Buenos Aires em 1929, era militante peronista e ficou preso de 1976 a 1979 em um dos 600 Centros Clandestinos de Detenção criados e mantidos pelo regime militar argentino em sua guerra de extermínio contra a subversão. Foi assim que Julio López teve a infelicidade de conhecer Miguel Etchecolatz, Diretor de Investigações da Provincia de Buenos Aires, cujo governador, o general Ibérico Saint Jean, declarou em 1977: "Primero mataremos a todos los subversivos, luego mataremos a todos sus colaboradores, después... a sus simpatizantes, enseguida... a aquellos que permanecen indiferentes y, finalmente, mataremos a los tímidos" [International Herald Tribune, París, 26 de mayo de 1977]. Julio López não morreu e em 1986, depois da ditadura, Miguel Etchecolatz foi julgado e condenado a 23 anos de prisão por crimes contra os direitos humanos. Seu julgamento foi anulado graças a lei “Obediê

Chegaremos lá?

Mais duas semanas de campanha eleitoral nesse nível e acho que sim...

De um Mineiro sobre buracos cavados na terra

E já que a moda agora é falar de mineiros saindo de dentro da terra, eis o "Áporo" do mineiro Drummond, que escreveu sobre um tempo tão ou mais escuro do que este em que vivemos agora:
 Um inseto cava 
cava sem alarme 
perfurando a terra 
sem achar escape.

 Que fazer, exausto,
 em país bloqueado, 
enlace de noite
 raiz e minério? 

 Eis que o labirinto
 (oh razão, mistério) 
presto se desata:

 em verde, sozinha,
 antieuclidiana, 
uma orquídea forma-se.

Delírios de Cafeína, ou Porque Bob Dylan e Chico Buarque têm tudo a ver

Eu prometi aos meus bilhões de leitores e agora cumpro. Eis aqui outra canção de Bob Dylan que me lembra o mesmo "esquema" de várias canções do Chico Buarque. Estão aqui: 1. a circularidade da letra que sempre volta para bater no verso que dá título a canção, reforçado pela sequência de acordes que termina no verso e começa de novo; 2. uma derivada sem tiques modernosos nem distanciamento irônico de uma tradição musical nacional, no caso Dylan bebe no Folk e no Country como Chico bebe no samba carioca; 3. um clima de romantismo meio decadente de cabaré alemão, completo com neon, hotel fajuto e marinheiros na calçada; 4. uma fossa de arrebentar bem no meio cinzento dos anos 70; 5. a rima fixa, perfeita, quase mecânica às vezes carrega de sentido a letra meio non-sense e assim "she was born in Spain / and I was born too late" parece fazer todo o sentido e ao mesmo tempo parece debochar um pouco do clima romântico; 6. e finalmente, Dylan tem uma voz bem melhor, mas mes