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Showing posts from February, 2022

Ainda sobre a Semana

Foi muito satisfatória a experiência de trabalhar em trio e organizar uma exposição celebrando os 100 anos da semana de 1922 aqui em Norman. A galeria estava linda e a música, a cargo do Ricardo Souza, foi simplesmente fantástica. Meu desafio era apresentar a semana a estrangeiros que não sabiam nada sobre ela e, ao mesmo tempo, não oferecer uma visão excessivamente simples do modernismo nos anos 20. Acho que consegui, mas não foi fácil. Outro problema é que, exceto a parte musical, o material documental sobre um evento tão badalado no Brasil é surpreendentemente escasso. Não há, por exemplo, um livro com as palestras dadas e poemas recitados nos três dias e há quadros e esculturas expostas que ninguém nem sabe bem como são até hoje. O SESC patrocinou um projeto fantástico voltado à parte musical que mudou esse relativo desconhecimento no campo musical. No resto o efeito tem sido o de glosas das glosas das glosas repetindo-se as mesmas descrições vagas de sempre. Acho que talvez isso t

Duas coisinhas só

 Acho triste a forma como tantas pessoas transformam qualquer assunto político numa briga de torcedores de futebol. A coisa fica ainda mais triste quando se trata de geopolítica no momento em a Rússia invade a Ucrânia. Vejo pessoas "torcendo" entusiasmadamente por um dos dois lados, como se não estivesse a vida de milhares de pessoas comuns que não tiveram escolha. Os lados deste conflito são muito complexos. Não quero nem contribuir para essa gritaria com mais uma interpretação - prefiro escutar pessoas mais bem informadas e preparadas do que eu. Infelizmente as vozes mais escutadas são as de pessoas que não tem preparo nem informações para falar sobre o assunto e preferem simplificações grotescas.  Só tenho duas coisinhas a dizer, aqui nesse canto mais sossegado, entre amigos.  Estou completamente de acordo com o direito de autodeterminação dos povos. Os eventuais problemas da Ucrânia, seja lá quais forem, são coisas para serem resolvidas entre eles. Isso involve até mesmo

Modernismo não é só libertação

Ocupado com a minha primeira experiência trabalhando numa exposição, mergulhei de cabeça nos anos 20 no Brasil e nos Modernistas . Muito se fala sobre como figuras como Mário de Andrade e Oswald de Andrade articularam visões do Brasil que nos influenciam até hoje. Muito pouca atenção é dada aos vários modernistas reacionários, mas lendo o manifesto deles em 1928 encontrei a articulação perfeita do discurso conservador negacionista que elegeu o atual presidente da república.  "Não há entre nós preconceitos de raças. [...] Também não conhecemos preconceitos religiosos. [...] Não há também no Brasil o preconceito político: o que nos importa é a administração [...]"   Os autores do manifesto vão ser figuras importantes de vários tipos de conservadorismo autoritário no Brasil.  Menotti del Picchia foi chefe da polícia política (o temido DIP) durante o Estado Novo em São Paulo. Plínio Salgado foi fundador e líder da Ação Integralista Brasileira. Alfredo Élis Jr. foi o criador do te