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Showing posts from December, 2013

Música: Ingénue

--> Ingénue Nigel Godrich, Thom Yorke Amok Coreografia: Wayne McGregor Dançarinos: Fukiko Takase e Thom Yorke You know like the back of your hand who let me in. You got me into this mess so you get me out. You know like the back of your hand your bell jar – your collection. Ingénue. You get me into this mess. Fools rushing in [yeah] and they know it. The seeds of the dandelion you blow away in good time, I hope, I pray. If I'm not there now physically, I'm always before you come what may. And you know it. Fools rushing in [yeah], well, you know it. Who let them in? Yeah, well, you know it. Gone with a touch of your hand. Gone with a touch of your hand. Move through the moment though it betrays transformations: jackals, flames. If I knew now what I knew then. Just give me more time, I hope and pray. I mistake all you say The seeds of the dandelion you blow away.  Ilustração minha: In

Poesia mexicana: "Yerbas del Tarahumara" de Alfonso Reyes

Foto minha: Tarahumara Grego no Metropolitan YERBAS DEL TARAHUMARA    Han bajado los indios tarahumaras, que es señal de mal año y de cosecha pobre en la montaña.    Desnudos y curtidos, duros en la lustrosa piel manchada, denegridos de viento y de sol, animan las calles de Chihuahua, lentos y recelosos, con todos los resortes del miedo contraídos, como panteras mansas.    Desnudos y curtidos, bravos habitadores de la nieve —como hablan de tú—, contestan siempre así la pregunta obligada: —"Y tú ¿no tienes frío en la cara?"    Mal año en la montaña, cuando el grave deshielo de las cumbres escurre hasta los pueblos la manada de animales humanos con el hato a la espalda. Los hicieron católicos los misioneros de la Nueva España —esos corderos de corazón de león. Y, sin pan y sin vino, ellos celebran la función cristiana con su cerveza-chicha y su pinole, que es un polvo de todos los sabores.    Beben tes

Postal: No meio do caminho

Foto minha: Itabira em New Haven No meio do caminho Carlos Drummond de Andrade No meio do caminho tinha uma pedra tinha uma pedra no meio do caminho tinha uma pedra no meio do caminho tinha uma pedra. Nunca me esquecerei desse acontecimento na vida de minhas retinas tão fatigadas. Nunca me esquecerei que no meio do caminho tinha uma pedra tinha uma pedra no meio do caminho no meio do caminho tinha uma pedra.

O Complexo Industrial do Branco-Salvador de Teju Cole

Um dos textos mais marcantes que eu encontrei na internet foi a série de twits do escritor Teju Cole reproduzida na revista The Atlantic chamado "O Complexo Industrial do Branco-Salvador," feito em reação à campanha StopKony. Resolvi traduzi-lo inspirado por um comentário recente que escutei sobre as virtudes da "boa-vontade", que eu considero a argamassa com que se assentam as pedras das boas intenções que levam diretinho ao inferno. Acompanha o original para quem lê em inglês: O Complexo Industrial do Branco-Salvador Teju Cole, Mar 21 2012   Se vamos interferir com a vida dos outros, um pouco de escrúpulo é o requerimento mínimo. Faz uma semana e meia eu assisti ao video Kony2012. Escrevi na sequência uma resposta breve dividida em sete partes, que postei em sequência na minha conta do Twitter 1.      De Sachs a Kristof ao Invisible Children ao TED, o ramo da indústria que mais cresce nos Estados Unidos é o Complexo In

Poesia minha: uma gota de semiótica

Arte Minha: Miojo 1 Uma gota de semiótica “A   boca humana é algumas vezes um verdadeiro charco.” Auguste Saint Hillaire "... se há na história dos seres vivos algo que não pode surgir na competição, isso é a linguagem." Humberto Maturana Mal abro a boca o sujeito             já fala ele mesmo             e o lugar de onde vem;                         e digo da vida que se passa da boca pra fora,                                     ali onde as coisas e a gente nascem e vivem e morrem;                                                 e mexo com quem escuta,                                                 não pelo que se diz daqui                                                             e sim pelo que se ouve lá                                                             de um outro lado                                                                         aonde a gente nunca vai;                

Melhor artigo do ano

Bushbama   " Se vogliamo che tutto rimanga com'è bisogna che tutto cambi ." Famosa frase de Tandredi em Il Gattopardo Obamabush "... the monochrome ideological universe in which the system is plunged: an all-capitalist order, without a hint of social-democratic weakness or independent political organization by labour. The two parties that inhabit it, Republican and Democratic, have exchanged social and regional bases more than once since the Civil War, without either ever questioning the rule of capital. Since the 1930s there has been a general, if not invariable, tendency for those at the bottom of the income pyramid—should they cast a ballot, which large numbers do not—to vote Democrat, and those at the top, Republican. Such preferences reflect the policies by and large pursued by the two parties: Democratic administrations have typically been more redistributive downwards than Republican, in an alignment shadowing, without exactly reproduc

Rir para não chorar: quebrando um tabu

Sexta-feira 13, aniversário do AI-5. Hoje pela primeira depois de quase dez anos vou quebrar meu juramento de nunca escrever nem comentar sobre o violento esporte bretão que já ocupa espaço demais nesse mundo. Laudo do Tribunal Celestial da Justiça Esportiva de autoria do Desembargador Abdúlio Ferreira Neto: Influenciado pelo clima sanguinário de Sta Catarina jovem arrimo de família vai do Sax-Gospel ao Heavy-Mental 1. Uma vez que o recente tumulto entre torcedores na partida entre o Clube Atlético Paranaense e o Clube Regatas Vasco da Gama aconteceu num estádio em Santa Catarina, o tribunal punirá o Criciúma Esporte Clube [única equipe catarinense na competição] com a perda de dez pontos e multa convertida em pelotas de carvão mineral. Está claro que os ares bélicos dos catarinenses contaminaram de tal forma os torcedores que até um pacífico saxofonista de igreja evangélica e arrimo de família pegou numa barra de ferro com um prego na ponta para bater n

E a polícia?

--> Entre várias conversas que parecem não acontecer no Brasil a da reforma das polícias parece ser uma das mais escandalosamente urgentes. Recomendo a entrevista com um juiz argentino da corte suprema Raúl Zaffaroni , de onde retirei esses quatro trechos bem significativos: "Es una tremenda deuda de la democracia no haber repensado la policía." "Esa falta es lo que genera el espacio en que se puede dar la manipulación. Si se ve la vivencia del personal policial, es una persona que no tiene posibilidades de discutir sus condiciones de trabajo en forma horizontal, está sometido a un régimen de trabajo que dicen que es cuasi militar, pero es un régimen de sanciones arbitrario, no puede discutir sus condiciones salariales." "No necesitamos una policía que se dedique a controlar excluidos, necesitamos una policía que nos asegure mínimamente el orden." "Eso es lo que nos dicen [os americanos] a nosotros. E

Traduzindo: sobre o exílio

Foto minha: vista das mesas de estudo na área reservada da biblioteca Sterling em Yale Hugo da Abadia de São Vítor (1115-1133) escreveu uma espécie de manual didático, Didascalicon . Adoro um trecho do Livro 3, Capítulo 19 (os capítulos em geral são bem curtinhos) que se chama "Sobre terras estrangeiras". Só me encontrei com um texto medieval assim por graça daquele exilado-mor chamado Auerbach. O Didascalicon é prosa, mas quis (por capricho de quem escreve a 35 moscas depois de dez anos de blogância) fazer versos com o trecho abaixo: Em português com tradução e versificação minhas: Delicado é aquele para quem a patria é doce; forte mais além é aquele para quem pátria é toda a terra; mas veramente completo é aquele para quem o mundo todo é exílio. Um fixa seu desejo mundano, o outro o espalha pelo mundo e o terceiro simplesmente o extingue.  Exilado desde menino, sei da pena de deixar para trás

Traduzindo: "Na insônia" de Virgilio Piñera

Foto minha: Insônia Na insônia Virgilio Piñera O homem vai para cama cedo. Não consegue pegar no sono. Logicamente rola para lá e para cá na cama. Se enrola nos lençóis. Acende um cigarro. Lê um pouco. Apaga a luz outra vez. Mas não consegue dormir. Às tres da madrugada se levanta. Acorda o amigo ao lado e confessa que não consegue dormir. Pede um conselho. O amigo aconselha que ele dê um pequeno passeio para cansar-se um pouco. Que logo em seguida tome um xícara de chá de limão e apague a luz. Faz tudo isso mas não consegue dormir. Desta vez chama o médico. Como sempre acontece, o médico fala muito mas o homem não adormece. Às seis da manhã ele carrega um revólver e o leva às têmporas. O homem está morto mas não conseguiu adormecer. A insônia é uma coisa muito persistente. 

Diário da Babilônia

1. Entre 2001 e 2008 a NYU completou um processo de busca de doações para a universidade que totalizou nada menos que três bilhões de dólares, mas o aumento das mensalidades e as dívidas dos alunos durante esses anos continuou aumentando de forma significativa.  2. Enquanto isso a NYU dobrava o número de professores sem qualquer perspectiva de estabilidade no emprego. 3/4 do corpo docente é agora composto desses professores "adjuntos" enquanto certos professores e funcionários da NYU recebem regalias como salários de 800.000 dólares anuais e empréstimos de mais de 1 milhão de dólares para compra de uma segunda residência que seriam "perdoados" após a permanência desses funcionários e professores na NYU por alguns anos. 3. A NYU lançou um programa ambicioso de internacionalização: três unidades principais [a de Nova Iorque e duas novas em Shanghai e Abu Dhabi] e treze "capitais de ideias" espalhadas pelo mundo. Uma professora crítica do processo disse q

Música: Jeff Buckley em "Lover, You Should've Come Over"

O pai biológico [Tim Buckley] também era um grande cantor. Jeff Buckley gravou um disco [Grace] e morreu afogado antes de gravar o segundo.  Essa é a minha favorita dele:   Lover, You Should've Come Over Jeff Buckley Looking out the door I see the rain fall upon the funeral mourners Parading in a wake of sad relations As their shoes fill up with water Maybe I'm too young To keep good love from going wrong But tonight, you're on my mind so You never know Broken down and hungry for your love With no way to feed it Where are you tonight? Child, you know how much I need it. Too young to hold on And too old to just break free and run Sometimes a man gets carried away, When he feels like he should be having his fun Much too blind to see the damage he's done Sometimes a man must awake to find that, really, He has no-one... So I'll wait for you... And I'll burn Will I ever see your sweet return? Oh, will I ever learn? Oh, Lover, you s

Postal

Foto minha: "Janela para o Nada" "... today's most crucial dilemma  of aesthetic morality -  the hopeless confusion  that arises when we attempt  to contain the inscrutable pressures of self-guiding  artistic destiny within the neat, historical summation of collective chronology." Glenn Gould, no meio da explicação do porquê Strauss seria importante para ele como uma figura que desafiava a ideia de evolução histórica que o que chamamos de modernismo preza tanto. Edward Said pega carona em Gould para discutir as últimas obras de Strauss. 

Poesia Mexicana: Jaime Sabines

Foto minha: Arbusto na Parede Lento, amargo animal... Jaime Sabines     Lento, amargo animal     que soy, que he sido,     amargo desde el nudo de polvo y agua y viento     que en la primera generación del hombre pedía a Dios. Amargo como esos minerales amargos que en las noches de exacta soledad --maldita y arruinada soledad sin uno mismo-- trepan a la garganta y, costras de silencio, asfixian, matan, resucitan. Amargo como esa voz amarga prenatal, presubstancial, que dijo nuestra palabra, que anduvo nuestro camino, que murió nuestra muerte, y que en todo momento descubrimos. Amargo desde dentro, desde lo que no soy, --mi piel como mi lengua-- desde el primer viviente, anuncio y profecía. Lento desde hace siglos, remoto --nada hay detrás--, lejano, lejos, desconocido. Lento, amargo animal que soy, que he sido. Horal , 1950