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Showing posts from June, 2013

Postais do Inferno: Repetindo o óbvio há mais de 60 anos

" O poema não pertence nem ao crítico nem ao seu autor.  O poema descola-se do seu autor no momento em que nasce  Imagem minha: Mancha na Parede e sai pelo mundo afora  além do poder da intenção ou do controle do seu autor.  O poema pertence ao público." Trecho de "A Falácia da Intenção" de Wimsatt & Beardsley, 1946

Outro convite para sábado

Convite para sábado, dia 29 de Junho na Mineiriana

Poesia Minha: Sonata [última parte]

III São pessoas muito sérias,             não se encontram no momento             mas retornam assim que puder. A janela está fechada;             ruge o trânsito lá fora.             Paciência, meu amigo:             não chegou a sua hora. Você precisa ter fé,             quem alcança sempre espera             se não morre no caminho: esse mesmo verme que te come             rói também aos poucos             a medula muito séria             dessa gente muito séria.

Poesia Minha: Sonata [parte 2 de 3]

II Quando tem tempo demais             sai correndo, derrubando             estabanado tudo que vale a pena.             Quando tem tempo de menos dorme seus sonhos mofados,             sempre comendo migalhas,             a água subindo até o pescoço             e a cabeça enterrada na areia. Hoje você é pasto apaixonado             pelo gado; amanhã será             óleo na máquina pasma que vende a geléia da verdade             e o elixir do tempo perdido             de quatro em quatro anos.

Poesia minha: Sonata [em três partes]

I É um grupo muito sério             de pessoas muito sérias             com assuntos muito sérios             para perder tempo com você. Na engorda ou na espreita,             mosca batendo a cabeça             na vidraça do mercado,             você come cru ou azedo e não sabe nem quer saber             e rouba no preço e rouba no peso             e rouba na nota e rouba no frete             e tem pressa e tem medo e não vale muito mais             que esse coração submerso.

Impressões sobre a passeata de campinas de quinta-feira

1. Resolvi escrever especificamente sobre o que eu vi com meus próprios olhos em Campinas, sem levar em conta nenhum tipo de análise sobre um significado maior para o que está acontecendo no Brasil. Esclareço:  falo sobre o que eu vi em Campinas na quinta-feira sem qualquer certeza de que vi ali o mesmo que está acontecendo em outros lugares do Brasil e sem qualquer certeza sobre o significado do que eu vi. 2. Vi um pequeno punhado de gente com cartazes pedindo o impeachment de Dilma. Não eram maioria de jeito nenhum, mas estavam lá. Vi um grupo com um cartaz bem grande a favor do "armamento" da população e desarmamento dos "bandidos". Uma minoria respeitável levava cartazes genéricos contra a corrupção, a favor da bondade e do amor. Vi dois cartazes claramente "evangélicos" e um punhado considerável de cartazes contra Feliciano e a "cura gay". Vi um cartaz de "menos IR" e um de "Acabem com o IPVA ou com os pedágios" e mesmo

Poesia minha: Glória da Ciência Nacional

Glória da ciência nacional Já estavam quase aprendendo a viver quase sem comer quando vieram a falecer, deixando pra trás os que, sem poder adormecer seus doces sonhos de consumo, acabaram comprando com uma arma na mão, disposição e uma idéia na cabeça quatorze passos lacrimosos até Ribeirão das Neves onde, antes de finalmente aprender a ser pobre sem trauma de pobreza, vieram a falecer. não sem antes dar a César o que é de César:              esse medo que move                                                          esse ajustamento duro,       esse consenso asmático que faz de quinhentos anos de crassa violência companheira nossa diária, fiel, nossa identidade nacional               (se tiver esôfago, pergunte à esfinge brasileira média                                        se ela não acha                 que bandido bom é bandido morto). E enquanto isso,                                 

Postais

É na beleza que se esconde sob a superfície mais ordinária   Imagem: quadro da série Unplanned Cities de Letícia Galizzi que ferve a tensão  entre a zona da vida  e a severidade da arte.

Postais da Babilônia: Universo Ideológico Monocromático

"Um universo ideológico monocromático :    Jasper Johns: American Flag Series uma ordem capitalista total,  sem fraquezas de social-democracia ou organização independente dos trabalhadores."  Adaptado de artigo de Perry Anderson chamado "Homeland" na NewLeftReview .  

Glossario Impertinente 5: "Comunidade"

Dependendo da "comunidade" Joaquim Barbosa é o Batmão ou o Moringa do STF 5. Comunidade: normalmente reproduz a comunidade que se encontra no bar da esquina, acrescida do pessoal que foi trabalhar em SP ou que voltou de SP quando a comunidade é de SP. Na comunidade ninguém discorda de ninguém nunca e, ajudados por um sistema de apoio mútuo, as opiniões vão se tornando cada vez mais extremadas. Assim, qualquer Zé-Mané vira “fascista” ou “comunista de merda” dependendo das simpatias políticas da freguesia. O cantor da moda [aquele que você não sabe mais quem é daqui há cinco anos] é a pior coisa que aconteceu no mundo dos sons produzidos por seres humanos depois da vuvuzela. Lula e todos os outros políticos são demônios ou santos e nada mais. Quando seu candidato ganha a eleição, o “povo” é sábio; quando perde o “povo” é burro. Quando o STF vota a favor da sua opinião, ele é um “bastião” da democracia; quando vota contra é um covil de safados. O mensal

Glossário Impertinente 4: a polêmica chuta-cachorro-morto

--> Rolou um amor não correspondido nessa foto, né não? 4. Polêmica chuta-cachorro-morto: as polêmicas que mais dão linha na internet são aquelas que incitam a indignação geral, com muitos comentários com LETRAS maiúsculas e pontos de exclamação e muito “que nojo”, “é um canalha” e coisas do tipo. Exemplos [claro todos pautados pela mídia que o “debate” na internet supõe substituir]: sujeito mata e come trinta e cinco bebês em São Gonçalo, policiais espancam um sujeito qualquer que não fez nada de errado no meio da rua, velho aposentado desmaia de fome depois de esperar 34 horas na fila do hospital, cantor semi-aposentado de roque diz que Carlos Drummond de Andrade era um imbecil que não sabia rimar direito e que Dilma é possuída pelo demônio etc. São polêmicas falsas, que fazem uma barulheira danada para esconder o fato de serem completamente ocas, mas que satisfazem a legião de hemorroidários [que fazem os comentários acima] e os puxa-sacos que comentam dizendo coisas

Glossário Impertinente 3: "Intervir no Debate"

Na foto um interventor de debates se prosta frente a seus deuses supremos em busca de nova pauta. 3. Intervir no debate: a ideia é a de que você vai publicamente dar sua opinião e/ou contribuir com informações nas redes sociais da internet sobre alguma evento da atualidade com a intenção de informar/influenciar a opinião pública. O que é ou que não é “evento da atualidade” vai depender da pauta noticiada pela mídia nacional. Em outras palavras, para intervir no debate você tem que viver a reboque das notícias de jornalões e revistas. Sim, porque se a sua “intervenção” não disser respeito ao assunto “em debate” você nunca terá público suficiente para realmente “intervir no debate.” Para ter muitos “seguidores” [o nome diz muito] e poder intervir no debate você tem que falar sobre entrevista do cantor semi-aposentado e furioso, a coluna do colunista conservador/hemorroidário, o editorial do JN, o incidente constrangedor do Pânico no Gugu, a polêmica do ex-AA no

Glossário impertinente sobre internet: o Hemorroidário

2. Hemorroidário: é aquele internauta que vive em “dia de fúria”. Seu estado permanente é de indignação profunda. Sua exclamação mais frequente é “que absurdo”. O hemorroidário frequentemente volta-se contra o seu próprio país, alternando curiosos momentos de paixão patrioteira. “Só nesse país mesmo para...” é a introdução preferida dos seus comentários. Somos os mais corruptos, os mais indolentes, os mais safados, os mais inconsequentes, os mais alienados, os mais ridículos, os mais deslumbrados. Não importa o quê: se for ruim, nós somos os piores.

Glossário Impertinente da Internet 1: Debate

1. Debate: debate é na internet um nome chique para bate-boca. Ao primeiro sinal de discordância sobre qualquer assunto, começam a voar pelas ondas da internet adjetivos do tipo “desinformado”, “ingênuo” e “ignorante”, que logo viram “covarde”, “safado” e “canalha”, e daí descambam para xingamentos de estádio de futebol e ameaças mais ou menos veladas de agressão. O debate serve para manter a pureza da “comunidade”.

Poesía Mexicana: poemínimos de Efraín Huerta

Efraín Huerta aqui Pequeño Larrouse "Nació En Silao. 1914. Autor De versos De contenido Social." Embustero Larousse. Yo sólo Escribo Versos De contenido Sexual. Ay poeta Primero Que nada Me complace Enormísimamente Ser Un buen Poeta De segunda Del Tercer Mundo. Desconcierto A mis Viejos Maestros De Marxismo No los puedo Entender, Unos están En la cárcel Otros Están En el poder. Mandamento Equis No Desearás La Poesía De Tu Prójimo. Pues sí Hablando Se Enciende La Gente. Con pasión Y así Le dije Con desolada Y cristiana Bondad:             Desnúdate             Que yo             Te             Ayudaré Idiot box Esta Declaración De amor Imposible Se destruirá En cinco Segundos Luz, más luz Es terrible Pero Cada día Son más claros Los intereses Más oscuros Ecología De la Ilusión

Pindorama em Babylon

Quando minha digníssima expôs aqui em Babylon uma série de xilogravuras e outras coisas complicadas de explicar sobre o mesmo tema [Cidades Não-Planejadas/Unplanned Cities], havia uma peça interativa na qual as pessoas podiam de alguma maneira responder ao trabalho escrevendo ou desenhando pequenos comentários em pedacinhos de papel. Indianos, gregos, turcos, italianos ou pessoas que tinham ido a esses países reconheciam nessas paisagens urbanas partes de suas cidades natais.

Diários de Babylon ou não existe Leblon sem Rocinha

A Leblonização de São Francisco continua: "São Francisco está se transformando em uma cidade sem classe-média. Bolsões de extrema pobreza em bairros como Filmore e Tenderloin, estão ficando cada vez mais isolados entre prédios de apartamento novos com preços exorbitantes. A população negra caiu de mais de 10% do eleitorado em 1970 a menos de 4% hoje - menos do que o necessário para encher os 40.000 assentos do A.T&T. Park, onde jogam os Giants. A população de latinos cresce em números muito menores que no resto da Califórnia." George Packer, na New Yorker de 27 de Maio de 2013 Mas os pobres não evaporam; ao contrário eles se multiplicam, por exemplo, em favelas feitas com barracas em Sacramento:

Ela existe!

Propaganda de Mãe Duchampa ou Rrose Sélavy nas ruas da cidade Rose Sélavy ou Mãe Duchampa E maiores informações aqui .

Postais do Inferno 6: Pecado

"... um pecado é inversamente proporcional ... ... ao número de pessoas que se entregam a ele ." Dos diários de Witold Gombrowicz, 1953