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Showing posts with the label Profetas da Raça

Hilda Hilst arrebentando tudo entre bonecas, raparigas, moças, mademoiselles

Bellmer, "Boneca" Trajetória Poética do Ser - Passeio Hilda Hilst 1 Não haverá um equívoco em tudo isso? O que será em verdade transparência Se a matéria que vê, é opacidade? Nesta manhã sou e não sou minha paisagem Terra e claridade se confundem E o que me vê Não sabe de si mesmo a sua imagem. E me sabendo quilha castigada de partidas Não quis meu canto em leveza e brando Mas para o vosso ouvido o verso breve Persistirá cantando. Leve, é o que diz a boca diminuta e douta. Serão leves as límpidas paredes Onde descansareis vosso caminho? Terra, tua leveza em minha mão. Um aroma te suspende e vens a mim Numas manhãs à procura de águas. E ainda revestida de vaidades, te sei. Eu mesma, sendo argila escolhida Revesti de sombra a minha verdade. Cartier Bresson, "Calle Cuauhtemoctzin" “Tocaram-me sim, meu pai tu me tocaste, a ponta dos dedos sobre as linhas da mão,_ o dedo médio sobre a linh...

Dia Internacional da Não-Violência Contra a Mulher: as flausinas e os lopes dessa vida...

Foto minha: Fantasma de Menina de Rosa, Minha Filha “Entanto que enfim, agora, desforrada. O povo ruim terminou. Meus filhos, Lopes, também, provi de dinheiro, para longe daqui viajarem gado. Deixo de porfias, com o amor que achei. Duvido, discordo de quem não goste. Amo, mesmo. Que podia ser mãe dele, menos me falem, sou de me constar em folhinhas e datas? Que em meu corpo ele não mexa fácil. Mas que, por bem de mim, me venham filhos,  outros, modernos e acomodados. Quero o bom-bocado que não fiz, quero gente sensível. De que me adianta estar remediada e entendida, se não dou conta de questão das saudades? Eu, um dia, fui já muito menininha... Todo o mundo vive para ter alguma serventia. Lopes, não! – desses me arrenego.” Esse é o final do monólogo de Flausina em "Esses Lopes", conto de Guimarães Rosa, que em 1967 respondeu a uma daquelas perguntinhas safadas sobre "o comportamento da mulher atual em desacordo com a condição feminina" na lata, dizend...

Postal: Clarice Lispector me matou

Arte Minha: Auto-Retrato "A morte é um encontro consigo. Deitada, morta, era tão grande como um cavalo morto. O melhor negócio é ainda o seguinte: não morrer, pois morrer é insuficiente, não me completa,  eu que tanto preciso. Macabéa me matou." Clarice Lispector, trecho de  A hora da estrela

No clima do Ralo 3: Policarpo Quaresma cai de cara na real

" Que combate , minha filha ! Que horror! Quando me lembro dele, passo as mãos pelos olhos como para afastar uma visão má . Fiquei com um horror à guerra que ninguém pode avaliar ... Uma confusão , um infernal zunir de balas , chorões sinistros , imprecações – e tudo isto no seio da treva profunda da noite ... Houve momentos que se abandonaram as armas de fogo : batíamonos à baioneta , a coronhadas , a machado , a facão . Filha : um combate de trogloditas , uma cousa pré-histórica ... Eu duvido , eu duvido , duvido da justiça disso tudo , duvido da sua razão de ser , duvido que seja certo e necessário ir tirar do fundo de nós todos a ferocidade adormecida , aquela ferocidade que se fez e se depositou em nós nos milenários combates com as feras , quando disputávamos a terra a elas ... Eu não vi homens de hoje ; vi homens de Cro -Magnon , do Neanderthal armados com machados de sílex , sem piedade...