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Notas para livros impossíveis: o que vejo da minha janela

1. Dizia Alfonso Reyes que a clareza é cortesia e gesto de compromisso democrático por parte do ensaísta. Acrescentava Reyes que a sua contribuição seria sempre a partir do que ele mais conhecia e amava, a literatura. São coisas que não me saem da mente enquanto escrevo. 2. Dizia Paulo Freire que enquanto o reacionário quer domesticar o presente para repetir o passado no futuro, o progressista reconhecia no futuro a oportunidade para um mundo melhor que o passado. 3. A partir dos anos 80, os reacionários complicaram as coisas adotando uma retórica revolucionária. Thatcher e Reagan propunham-se a destruir uma imaginária hegemonia estatista/socialista para voltar a um passado glorioso: imperial na Inglaterra e revolucionário nos EEUU. 4. A retórica neo-liberal deslizou do pragmatismo conformista de FHC para o delírio Bolsonarista. Agora é preciso destruir "tudo isso o que está aí": dinamitar o estado e a doutrinação da cultura socialista/gayzista. 5. Com isso os progres...

Na falta de lugar melhor

Eu diria que em torno de 40% da população brasileira [no máximo] está firmemente polarizada entre esquerda e direita num conflito cada vez mais feroz. Cada um desses dois lados conta com aproximadamente 20% do leitorado, e é bom lembrar que esses 20% são geralmente fragmentados entre posições significativamente diferentes. As pessoas de esquerda nunca, em hipótese alguma, votariam num almofadinha de coluna social e as pessoas de direita, dificilmente, votariam de novo num operário filho de retirantes. Mas os outros 60% da população poderiam votar em um e logo em seguida no outro sem passar por qualquer tipo de crise existencial. Nenhuma dessas duas minorias respeitáveis consegue eleger sozinha um candidato a cargo executivo numa cidade grande; talvez nem mesmo um senador. Cabe sempre a esses candidatos convencer uma parcela respeitável daquele 60% que poderíamos chamar por falta de nome melhor de eleitores desengajados. Não gosto desse nome porque o acho pejorativo. Mas uso o termo m...