O fenômeno dos desaparecidos na América Latina a partir dos anos 70 é uma antecipação de coisas que mais tarde se espalhariam, aparentemente, pelo mundo todo. Hoje desaparecem mexicanos, sírios, congolenses e filipinos aos montes, sem falar no uso indiscriminado das famigeradas "black ops" patrocinadas pelo serviço secreto de vários países chiques e cheirosos. O desaparecimento é um ato de terrorismo de estado, e poderia ser parte desse renascer geral do terrorismo no século XXI. Mas o desaparecimento tem um componente particularmente perverso: enquanto outros atos de terrorismo culminam no momento em que um grupo se responsabiliza pela ação executada, o desaparecimento se apoia, ao contrário, no ato de negar publicamente qualquer responsabilidade do estado pelo desaparecimento. A atitude se repetia de um país para o outro nos anos 70. Os porta-vozes oficiais do governo insistiam enfaticamente: não houve sequestro, não houve denúncia formal de crime, não houve detenção, n...
Basicamente, mas não exclusivamente literatura: prosa e poesia.