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Trinta Anos: O monstro que hoje está no poder levanta sua face mais feia

 No dia 19 de abril de 1995 um atentado de extrema direita na cidade de Oklahoma City (há vinte minutos de onde eu moro) destruiu o edifício Alfred Murrah. Um carro cheio de explosivos feitos com três toneladas de fertilizante e diesel foi estacionado em frente ao prédio e detonado às nove da manhã. 168 pessoas morreram, entre elas 19 crianças que frequentavam uma creche no prédio, e 800 ficaram feridas. O prédio foi escolhido porque lá havia agências do governo federal. Sinceramente, sem retoques, a gente que explodiu o Murrah em 1995 chegou ao poder trinta anos depois. As ideias extermistas de Timothy McVeigh e Terry Nichols hoje estão no poder.  Salve-se quem puder!

Grilagem organizada ou o império da lei

 Primeiro o congresso e governo decidem aprovar lei que força as tribos indígenas a adotar a propriedade privada. São obrigados a dividir suas terras em lotes individuais. Os lotes têm um tamanho máximo. Se uma tribo tem 30 famílias são trinta lotes. Se a reserva é maior que isso, o que acontece com o resto das terras? Fica "disponível" para grileiros que entram em Oklahoma de forma, de novo, organizada, metódica e razoável. Jornais publicam anúncio dizendo ao. meio-dia em ponto no dia 22 de abril de 1889, ao som de uma trombeta militar, pessoas estacionadas nos estados limítrofes podem entrar em Oklahoma e fincar uma bandeirinha para tornar-se proprietário de um lote "desocupado". Esses lotes "desocupados" fazem parte das reservas indígenas que, anteriormente, também tinham sido meticulosamente e organizadamente demarcadas por leis anteriores, também aprovadas por legislativo, executivo e judiciário, todos funcionando em perfeita inteiração balanceada.  V...

Diário Visual de Babylon

Esse é o lago Thunderbird, antiga refúgio dos Shawnees alagado no começo dos anos 70. Dois irmãos Shawnees, líderes indígenas memoráveis, um de natureza espiritual e o outro de natureza política e militar. Tenskwatawa teve uma visão mística em 1805: os indígenas deveriam refutar a forma de vida dos brancos e fazer paz entre eles para enfrentar "os filhos do espírito do Mal". Tecumseh, que é nome de avenida aqui em Norman, ao defender uma união de todos os povos indígenas para enfrentar os Estados Unidos, declarou: "todos os homens vermelhos [red men] tem que se unir em reivindicar seu direito comum, igual à terra, como foi no começo e ainda deverá ser de novo; porque a terra nunca foi dividida, pois pertence a todos para o uso de cada um". Essa é entrada do novo museu aqui de  Oklahoma, o museu dos primeiros americanos [First American Museum], um acontecimento cultural e arquitetônico. As imagens de Tenskwatana e Tecumseh são do museu.  Aqui está a admissão pura e s...

A história bate à porta de casa: os Shawnees de Norman

 Nas andanças e mazelas que marcaram a experiência dos povos indígenas na América do Norte, os índios Shawnee se dividiram em várias grupos aparentados por língua e cultura mas completamente separados uns dos outros. A colonização os encontrou vivendo espalhados no que hoje são os estados de Ohio, Illinois, Indiana, Tennessee e Kentucky. Uma delas veio parar em Oklahoma antes do território se transformar em estado fugindo do Texas, onde a independência do México e anexação aos EUA significaram terra livre para supremacistas brancos tocar o terror. Eles se dividiram outra vez e uma parte se assentou perto de uma cidade aqui perto chamada Shawnee, enquanto outra se embrenhou aqui nas cercanias da cidade onde moro, Norman. Contam que Big Jim, o chefe desse grupo, buscou o terreno difícil e a terra não muito fértil a oeste da cidade como forma de se afastar e se proteger do Office of Indian Affairs, o órgão governamental a cargo de "civilizar" os índios dos Estados Unidos a parti...

Música [de novo]: Samantha Crain

A cultura dos indígenas [dezenas de etnias diferentes] fazem com que Oklahoma valha a pena. Massacrados, desprezados, roubados, esculachados, essas etnias sobrevivem a uma agressão cultural, racial, econômica que é difícil de conceber. A cultura sobrevive, forte, brilhante. Cada vez mais tenho a certeza de que só conseguiremos sair desse buraco imenso em que nos metemos já faz tempo quando começarmos coletivamente a escutar as vozes dessas culturas. São seres humanos e possuem todas as falhas e virtudes ocasionais de qualquer ser humano. São tão impuros e misturados quanto os outros seres humanos desse mundo permanentemente conectado. Mas, humanos e impuros, representam também uma outra visão do mundo, da vida, do sofrimento e do prazer. São capazes de uma beleza que encanta a quem tiver ouvidos.