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Claudia Rankine, Serena Williams e a poesia que rompe a bolha e chega ao público além dos círculos de poesia nos Estados Unidos

Claudia Rankine escreveu de forma brilhante sobre Serena Williams no seu livro Citizen , livro de poesia incrivelmente bem sucedido para os padrões do século XXI. Aqui ela fala um pouco sobre o que interessa a ela no caso da tenista: Aqui ela lê trechos do seu livro e comenta de forma muito interessante sobre o uso de ilustrações no livro. A partir do 14o minuto [mais ou menos] ela lê e comenta um dos trechos sobre Serena e a irmã Venus Williams: A própria Serena Williams recentemente recitou um poema famoso de Maya Angelou em Winbledon:

Babylon & Pindorama entre o stop&frisk e o esculacho de todos os dias e os Michael Browns e as chacinas de todos os anos

Claudia Rankine, uma excelente poeta em atividade nos EUA "Stop and Frisk" é o nome dado a uma prática policial. O policial aborda e revista um "indivíduo qualquer" baseado em "uma suspeita razoável" de atividade criminal. Os indivíduos quaiquer são quase invariavelmente negros ou latinos e a suspeita fica por conta da imaginação do policial em questão. Claudia Rankine fez um poema/script e John Lucas um vídeo com o título "Stop-and-Frisk", que vocês podem assistir acima.  O refrão diz o seguinte: E você não é o suspeito mas ainda assim você se enquadra na descrição do suspeito porque só há um suspeito que é sempre o suspeito que se enquadra na descrição. [no original: And you are not the guy and still you fit the description because there is only one guy who is always the guy fitting the description.] Práticas de abordagem frequentemente muito mais agressivas são rotina no Brasil e são conhecidas pela população pelo nome de ...

A vida continua: Kara Walker e Titus Kaphar

Talvez o mais importante a fazer antes de tentar escrever algo sobre o trabalho de outra pessoa seja entender como esse trabalho me afeta, entender porque ele me afeta, descobrir meu interesse ao invés de fingir que existe um desinteresse científico da minha parte. Titus Kaphar e Kara Walker são artistas contemporâneos que me interessam muito - já mencionei eles aqui brevemente. O trabalho deles me interessa porque os trabalhos dos dois têm um forte componente narrativo, porque eles trazem visibilidade e inteligência para assuntos que são ignorados tradicionalmente, porque eles falam com inteligência crítica de coisas que eu considero importantes e urgentes. Gostaria de escrever sobre eles e sobre Claudia Rankine e Robin Coste Lewis e talvez aproveite esse meu período de reavaliação das prioridades na minha vida para fazer isso. Ou talvez nada disso passe desse rascunho apressado, escrito nos Estados Unidos em português [essa língua tão "exótica"] sobre artistas estadounidens...

Tradução: outro trecho de Citizen de Claudia Rankine

Foto minha da série "Land of the Free" O mundo está errado. Você não pode deixar o passado para trás. Ele está enterrado em você; transformou a sua carne no armário dele. Nem tudo o que se lembra é útil mas tudo vem do mundo para ser guardado dentro de você.... Eu escutei o que eu penso que escutei? Isso saiu da minha boca, da boca dele, da sua boca?     O original “The world is wrong. You can’t put the past behind you. It’s buried in you; it’s turned your flesh into its own cupboard. Not everything remembered is useful but it all comes from the world to be stored in you. . . . Did I hear what I think I heard? Did that just come out of my mouth, his mouth, your mouth?”

Poesia em tradução: trecho de Citizen de Claudia Rankine

Foto minha da série "Land of the Free" Trecho traduzido por mim de Citizen Claudia Rankine: "Um homem no metrô jogou no chão o filho dela. Você sente seu próprio corpo contrair. O menino está bem, mas o filho da puta simplesmente continuou andando. Ela me diz que agarrou o braço do estranho e disse a ele que pedisse desculpas: eu disse a ele, olhe para o menino e peça desculpas. E é isso mesmo, você quero que isso pare, você quer que o menino negro empurrado no chão seja visto, que ajudem ele a se erguer e a bater a poeira da sua roupa, não ser limpo por uma pessoa que não o tenha visto, nunca o viu, talvez nunca tenha visto ninguém que não seja um reflexo de si mesmo. O que foi bonito é que um grupo de homens ficou em pé do meu lado feito uma frota de guarda-costas, ela me diz, feito um banco de tios e irmãos recém encontrados." Aqui o original em inglês: A man knocked over her son in the subway. You feel your own body wince. He’s okay, but the ...

Descrevendo com precisão os efeitos do racismo, ou pimenta no u dos outros é refresco

Claudia Rankine acabou de publicar um livro novo, chamado Citizen. Eis um trecho particularmente forte do livro, na minha opinião: /  You are in the dark, in the car, watching the black-tarred street being swallowed by speed; he tells you his dean is making him hire a person of color when there are so many great writers out there. You think maybe this is an experiment and you are being tested or retroactively insulted or you have done something that communicates this is an okay conversation to be having. Why do you feel okay saying this to me? You wish the light would turn red or a police siren would go off so you could slam on the brakes, slam into the car ahead of you, be propelled forward so quickly both your faces would suddenly be exposed to the wind. As usual you drive straight through the moment with the expected backing off of what was previously said. It is not only that confrontation is headache producing; it is also that you have a destination that doesn’t i...

Poesia Americana 4: Claudia Rankine

Claudia Rankine conseguiu elogios de dois partidos da poesia americana que parece que nunca gostam da mesma coisa… O suficiente para atrair a implicância de muitos, o que parece ser sinal de sucesso inescapável no mundinho da poesia. Para mim, sem muita pretensão de dizer muito porque eu tenho muito o que fazer hoje, ela teve uma grande sacada ao escolher não fazer a velha e batida prosa poética mas sim uma coisa que a gente poderia chamar de poesia prosaica. Um trecho: “Minha mãe me diz que eu estou só ficando na espera. Ela diz isso com a intenção de me dar um empurrão para eu não ficar na espera. Ela quer que eu leve uma vida legível – uma vida que possa ser lida como algo que vale a pena, como um sucesso. Minha mãe não está preocupada demais com felicidade, a busca, infrutífera ou não, da felicidade. Até onde ela se lembra, só há dor ligada à alegria de dar a luz. Ela se lembra da dor e quer que a dor tenha valido a pena, em nome de uma vida razoáv...