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Showing posts from 2005

Cadeia da Felicidade

Há muitos anos atrás o caderno de cultura pedante de um jornal pedante pediu a um monte de escritores (alguns também pedantes, outros não) para escrever um "contozito" (como diriam os portugueses) com o tema singelo de "felicidade". Inspirado por tanto pedantismo eu escrevi o meu "contozito": A Cadeia da Felicidade Ano passado Válter Disnêi inventou e patenteou um aspirador de pó que também pode ser usado como secador de cabelos ou ventilador/cortador de batatas. A fábrica de biscoitos Guarani resolveu produzir em série o aparato no formato transformer: forma de Elefante, Tamanduá ou Jibóia com um simples e rápido jogo de botões e alavancas móveis em cores e linhas arrojadas. A cadeia de lojas de departamento Pancrácio assinou contrato de exclusividade para a distribuição do produto em suas lojas em todo o país e no exterior usando o revolucionário sistema de embalagens KRAN111: caixas extremamente leves, feitas de resina transparente colorida e comestível

Certificado de Impunidade

Um conto(?) antigo que de repente ficou novo de novo. Dedico esse texto ao Romeu Queiroz e aos seus padrinhos, Aecio Neves e Walfrido Maresguia. Certificado de Impunidade Nós não medimos esforços no sentido de promover um ambiente o mais propício possível ao desenvolvimento aqui do nosso município. É nesse sentido que temos lançado uma série de políticas públicas e medidas administrativas para simplificar, agilizar, otimizar e desburocratizar os processos, sempre priorizando a transparência em um ambiente propício ao fomento dos mais diversos empreendimentos, buscando uma máxima diversificação dentro das nossas potencialidades e das nossas vocações naturais. E agora estamos aqui para anunciar que a nossa prefeitura mais uma vez sai na frente e tem o orgulho de ser pioneira na aplicação de uma idéia que, com toda a certeza, logo se espalhará por todo o país: o Certificado de Impunidade®. Como quase todas as grandes idéias, nosso Certificado de Impunidade® surgiu de uma constatação muit

Eu vivo em guerra

Eu vivo em guerra porque eu vivo para a literatura e a literatura não vale nada no mundo de hoje. Dou um exemplo: Lygia Fagundes Telles ganha o maior prêmio literário da língua portuguesa (que aliás vem de um país com população e PIB menores que a cidade de São Paulo) e um jornal dá a notícia na seção cultural com menos destaque que um livro de um sujeito que ganhou um programa de "realidade". Então eu vivo em guerra contra a futilidade, a idiotice, a caretice, a ignorância e a cultura de patota que faz com que algumas pessoas finjam ler e adorar o que outras fingem escrever. Será que eu sou o único? Como as pessoas incapazes de encontrar um companheiro vão mandar anúncios para os jornais e para a internet para encontrar alguém, eu resolvi mandar às favas o orgulho e assumir que em carne e osso não consigo encontrar ninguém que viva em guerra como eu - e viver em guerra sozinho faz mal para o coração, a cabeça e o estômago.