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Novos [velhos] tempos

 A pior face do conglomerado homogeneizador Netflix é, de longe, os documentários produzidos e/ou promovidos pela plataforma. São quase todos sensacionalistas, esteticamente e epistemologicamente obsoletos. Eles reproduzem o pior da TV a cabo. De um lado, documentários que pretendem "dizer a verdade" sobre "casos" notórios: Flodelis, João de Deus, a mulher que esquartejou o marido, a filha que matou os pais, etc. Do outro lado, documentários que pretendem "dizer a verdade" sobre assuntos "científicos", principalmente de saúde: "curas" para o autismo ou o câncer, "verdades" sobre o funcionamento do cérebro humano etc.  O curioso é que, quando o Netflix entrou no mercado dos EUA, não era como uma plataforma, mas como uma espécie de videolocadora online. Sem a exigência de ter lojas físicas [os DVDs eram enviados pelo correio já com um envelope pronto para o retorno pelo mesmo correio], o acervo era muitíssimo maior do que qualqu...

Filme: Elena Sabe

  Missing de Letícia Galizzi Quando me exaspero com o deserto do Netflix e suas dezenas de sugestões de séries e filmes que não me interessam minimamente, teclo na opção de busca a palavra "argentina". Nos resultados, entre várias sugestões surpreendentemente absurdas ["Emilia Perez", um reality show sentimental argentino, um filme sobre Neymar e um documentário britânico sobre anões], encontro sempre alguma coisa boa para ver. A última vez foi o filme Elena Sabe da diretora Anahí Berneri. O filme conta com a maravilhosa Mercedes Morán no papel de uma mulher com Parkinson que não se conforma com o suicídio da filha com quem vivia sozinha. Os mecanismos para integrar flashbacks no tecido da trama como lembranças da protagonista são um ponto alto do filme. A atuação de Mercedes Morán é estupenda, completa, sutil e fortíssima. Elena não é uma mulher fácil e tinha uma relação complicada com a filha mesmo antes do Parkinson. Falando também de aborto e catolicismo, o film...