Nas andanças e mazelas que marcaram a experiência dos povos indígenas na América do Norte, os índios Shawnee se dividiram em várias grupos aparentados por língua e cultura mas completamente separados uns dos outros. A colonização os encontrou vivendo espalhados no que hoje são os estados de Ohio, Illinois, Indiana, Tennessee e Kentucky. Uma delas veio parar em Oklahoma antes do território se transformar em estado fugindo do Texas, onde a independência do México e anexação aos EUA significaram terra livre para supremacistas brancos tocar o terror. Eles se dividiram outra vez e uma parte se assentou perto de uma cidade aqui perto chamada Shawnee, enquanto outra se embrenhou aqui nas cercanias da cidade onde moro, Norman. Contam que Big Jim, o chefe desse grupo, buscou o terreno difícil e a terra não muito fértil a oeste da cidade como forma de se afastar e se proteger do Office of Indian Affairs, o órgão governamental a cargo de "civilizar" os índios dos Estados Unidos a partir do final do século XIX, proibindo práticas culturais, o uso da língua, separando crianças das suas famílias, forçando a transformação das terras indígenas em lotes que depois eram "vendidos" [roubados, trapaceados, arrancados à força] dos seus "donos". Até os anos 50 do século XX, os Shawnees daqui de Norman praticavam suas cerimônias e se mantinham avessos a qualquer contato permanente com o OIA e mantiveram a posse quase integral das suas terras. Em 1962 veio o golpe: planos de desenvolvimento e modernização dos donos do poder da então cidadezinha universitária de Norman - uma "sundown city", onde qualquer pessoa não branca arriscava a própria vida se fosse encontrada nos seus limites depois do por-do-sol. Eles receberam fundos estaduais e federais para construir uma represa e um lago/reservatório de água a oeste de Norman. Dos 4.000 acres usados para criar o lago e o parque em torno, 3.279 eram terras dos Shawnees. Pagava-se $50 por acre aos indígenas enquanto as terras em volta não custavam menos de $350. O lago Thunderbird foi aberto em 1965. Os Shawnees de Norman montaram seu centro cultural na cidade de Shawnee. Em 1973, o grupo de pouco mais de 4.500 membros conseguiu comprar 35 acres a leste do lago, mas os membros da tribo espalhados. Debaixo d'água jaz o cemitério dos Shawnees de Big Jim e nada se fez até hoje para compensá-los. Uma lei bizarra dos anos Reagan deu aos índios o direito de abrir casinos e o único aqui perto pertence justamente aos Shawnees e se chama... Thunderbird.
Nas andanças e mazelas que marcaram a experiência dos povos indígenas na América do Norte, os índios Shawnee se dividiram em várias grupos aparentados por língua e cultura mas completamente separados uns dos outros. A colonização os encontrou vivendo espalhados no que hoje são os estados de Ohio, Illinois, Indiana, Tennessee e Kentucky. Uma delas veio parar em Oklahoma antes do território se transformar em estado fugindo do Texas, onde a independência do México e anexação aos EUA significaram terra livre para supremacistas brancos tocar o terror. Eles se dividiram outra vez e uma parte se assentou perto de uma cidade aqui perto chamada Shawnee, enquanto outra se embrenhou aqui nas cercanias da cidade onde moro, Norman. Contam que Big Jim, o chefe desse grupo, buscou o terreno difícil e a terra não muito fértil a oeste da cidade como forma de se afastar e se proteger do Office of Indian Affairs, o órgão governamental a cargo de "civilizar" os índios dos Estados Unidos a partir do final do século XIX, proibindo práticas culturais, o uso da língua, separando crianças das suas famílias, forçando a transformação das terras indígenas em lotes que depois eram "vendidos" [roubados, trapaceados, arrancados à força] dos seus "donos". Até os anos 50 do século XX, os Shawnees daqui de Norman praticavam suas cerimônias e se mantinham avessos a qualquer contato permanente com o OIA e mantiveram a posse quase integral das suas terras. Em 1962 veio o golpe: planos de desenvolvimento e modernização dos donos do poder da então cidadezinha universitária de Norman - uma "sundown city", onde qualquer pessoa não branca arriscava a própria vida se fosse encontrada nos seus limites depois do por-do-sol. Eles receberam fundos estaduais e federais para construir uma represa e um lago/reservatório de água a oeste de Norman. Dos 4.000 acres usados para criar o lago e o parque em torno, 3.279 eram terras dos Shawnees. Pagava-se $50 por acre aos indígenas enquanto as terras em volta não custavam menos de $350. O lago Thunderbird foi aberto em 1965. Os Shawnees de Norman montaram seu centro cultural na cidade de Shawnee. Em 1973, o grupo de pouco mais de 4.500 membros conseguiu comprar 35 acres a leste do lago, mas os membros da tribo espalhados. Debaixo d'água jaz o cemitério dos Shawnees de Big Jim e nada se fez até hoje para compensá-los. Uma lei bizarra dos anos Reagan deu aos índios o direito de abrir casinos e o único aqui perto pertence justamente aos Shawnees e se chama... Thunderbird.
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