Skip to main content

Ainda sobre a Semana

Foi muito satisfatória a experiência de trabalhar em trio e organizar uma exposição celebrando os 100 anos da semana de 1922 aqui em Norman. A galeria estava linda e a música, a cargo do Ricardo Souza, foi simplesmente fantástica. Meu desafio era apresentar a semana a estrangeiros que não sabiam nada sobre ela e, ao mesmo tempo, não oferecer uma visão excessivamente simples do modernismo nos anos 20. Acho que consegui, mas não foi fácil. Outro problema é que, exceto a parte musical, o material documental sobre um evento tão badalado no Brasil é surpreendentemente escasso. Não há, por exemplo, um livro com as palestras dadas e poemas recitados nos três dias e há quadros e esculturas expostas que ninguém nem sabe bem como são até hoje. O SESC patrocinou um projeto fantástico voltado à parte musical que mudou esse relativo desconhecimento no campo musical. No resto o efeito tem sido o de glosas das glosas das glosas repetindo-se as mesmas descrições vagas de sempre. Acho que talvez isso tenha ver com a vontade expressa de muitos de "proteger" a Semana de Arte Moderna, como se ainda alguém fosse questionar seus méritos. O fato é que muitos ali envolvidos estavam ainda bem no começo das suas carreiras e apresentaram ali coisas que estão longe do seu melhor trabalho e que não havia muita homogeneidade em termos estéticos ou programáticos. Nada disso, a meu ver, tira o mérito da Semana de Arte de Moderna de São Paulo, nem transforma o evento em algo provinciano ou puramente paulista. São vários os participantes de destaque que vieram de outras parte do Brasil: Villa-Lobos [RJ], Manuel Bandeira [PE], Di Cavalcanti [RJ], Ronald de Carvalho [RJ], Graça Aranha [MA], Zina Aita [MG] e Renato de ALmeida [RJ]. 

Comments

Popular posts from this blog

Diário do Império - Antenado com a minha casa [BH]

Acompanho a vida no Brasil antes de tudo pela internet, um "lugar" estranho em que a [para mim tenebrosa] classe m é dia brasileira reina soberana, quase absoluta, com seus complexos, suas mediocridades e sua agressividade... Um conhecido, daqueles que ao inv és de ter um blogue que a gente visita quando quer, prefere um papel mais ativo, mandando suas "id éias" para os outros por e-mail, me enviou o texto abaixo, que eu vou comentar o mais sucintamente possível: resolvi a partir de amanh ã fazer um esforço e tentar, al ém do blogue, onde expresso minhas "id éias" passivamente, tentar me comunicar diretamente com as pessoas por carta... OS ALUNOS DE UNIVERSIDADES PARTICULARES DERAM UMA RESPOSTA; E A BRIGA CONTINUOU ... 1 - PROVOCAÇÃO INICIAL Estudar na PUC:............... R$ 1.200,00 Estudar no PITÁGORAS:..........R$ 1.000,00 Estudar na NEWTON:.....R$ 900,00 Estudar na FUMEC:............ R$600,00 Estudar na UNI-BH:........... R$ 550,00 Estudar na

Uma gota de fenomenologia

Esse texto é uma homenagem aos milhares de livrinhos fininhos que se propõem a explicar em 50 páginas qualquer coisa, do Marxismo ao machismo e de Bakhtin a Bakunin: Uma gota de fenomenologia Uma coisa é a coisa que a gente vive nos ossos, nos nervos, na carne e na pele; aquilo que chega e esfria ou esquenta o sangue do caboclo. Outra coisa bem outra é assistir essa mesma coisa, mais ou menos de longe. Nem a mãe de um caboclo que passa fome sabe o que é passar fome do jeito que o caboclo que passa fome sabe. A mãe sabe outra coisa, que é o que é ser mãe de um caboclo que passa fome. Isso nem o caboclo sabe: o que ela sabe é dela só, diferente do caboclo e diferente do médico que recebe o tal caboclo e a mãe dele no hospital. O médico sabe da fome do cabloco de um outro jeito porque ele já ficou mais longe daquela fome um tanto mais que a mãe e outro tanto bem mais que o caboclo. O jeito que o médico sabe da fome daquele caboclo pode ser mais ou menos só dele ainda, mas isso só se ele p

Protestantes e evangélicos no Brasil

1.      O crescimento dos protestantes no Brasil é realmente impressionante, saindo de uma pequena minoria para quase um quarto da população em 30 anos: 1980: 6,6% 1991: 9% 2000: 15,4%, 26,2 milhões 2010: 22,2%, 42,3 milhões   Há mais evangélicos no Brasil do que nos Estados Unidos: são 22,37 milhões da população e mais ou menos a metade desses pertencem à mesma igreja.  Você sabe qual é? 2.      Costuma-se, por ignorância ou má vontade, a dar um destaque exagerado a Igreja Universal do Reino de Deus e ao seu líder, Edir Macedo. A IURD nunca representou mais que 15% dos evangélicos e menos de 10% dos protestantes como um todo. Além disso, a IURD diminuiu seu número de fiéis   nos últimos 10 anos de acordo com o censo do IBGE, ao contrário de outras denominações, que já eram bem maiores. 3.      Os jornalistas dos jornalões, acostumados com a rígida hierarquia institucional católica não conseguem [ou não tentam] entender muito o sistema