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Música que fez minha cabeça 2 – Camarón de la Isla

Eles eram um bando jovens nascidos na parte mais miserável no sul esturricado de uma pobre Espanha enterrada num pesadelo católico/fascista de trinta anos. E usavam roupas e penteados que pareciam do tempo da Jovem Guarda ou de algum ídolo brega brasileiro. E falavam com sotaque forte de pé rapado, comendo o Ss no fim das sílabas e os Ds dos particípios. E usavam só apelidos ao invés de nomes e sobrenomes: o cantor era um cigano, que por ser muito branquelo azedo tinha o apelido de “Camarão da Ilha” e era acompanhado por um filho de portuguesa conhecido como o “Paco [apelido de Francisco] da Luzia” e depois também por um outro cigano cabeludo conhecido apenas como Tomatito [Tomatinho].

Eu tinha uns 17 anos e quando Camarón de la Isla abria a boca para cantar “Como el agua” – mesmo numa fita K7 fuleira num gravadorzinho vagabundo – legiões de anjos e demônios da minha adolescência saíam voando pela sala.

Como el agua

Limpiaba el agua del rio

como la estrella de la mañana,

limpiaba, cariño mio,

al manantial de tu fuente clara,

ay, como el agua, como el agua, como el agua.

Como el agua clara

que baja del monte,

así quiero verte

de día y de noche,

ay, como el agua, como el agua, como el agua.

Yo te eché mi brazo al hombro

y un brillo de luz de luna

iluminaba tus ojos.

De ti deseo, todito el calor,

para ti mi cuerpo si lo quieres tu:

Fuego en la sangre

nos corre a los dos,

ay, como el agua, como el agua, como el agua

Si tus ojillos fueran aceitunitas verdes

toda la noche estaría muele que muele, muele que muele

toda la noche estaría muele que muele, muele que muele

ay como el agua, ay como el agua, ay como el agua

Luz del alma me adivina,

que a mi me alumbra mi corazón,

mi cuerpo alegre camina

por que de ti lleva la ilusión,

ay como el agua, como el agua, como el agua

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