Acabaram-se as minhas longas férias e volto a escrever aqui pelo menos duas vezes por semana. Enzo, a peça que vimos nas aulas de introdução à literatura inglesa era um melodrama inglês do século XIX, "A Drunkard's Dilemma" ou em bom português "O dilema de um bêbado". Muitas obras inglesas importantes como os romances de Walter Scott caíram na boca do povo na Inglaterra graças a centenas de versões teatrais melodramáticas. Como todo melodrama que se preze "O dilema de um bêbado" tem uma mocinha casta e honesta a níveis absurdos, vilão cruel e libidinoso que esfrega as mãos em júbilo enquanto trama suas maldades, um velho pai bondoso mas impotente pelo vício e finalmente um jovem belo e nobre que salva a mocinha. É despudoradamente divertido em seu exagero despudoradamente adolescente e ao mesmo tempo mexe com o espectador de forma visceral, sem permitir as defesas habituais da razão, essa senhora respeitável que insiste em nos convencer que tudo nesse mundo há de ser sempre razoável. O excelente diretor de cinema mexicano Guillermo del Toro (Labirinto do Fauno e A espinha do Diabo) bem diz que o melodrama é uma das formas mais poderosas de comunicação humana. E viva Waldick Soriano!!!
Monteiro Lobato conta em "O engraçado arrependido" a história trágica de um homem que não consegue se livrar do papel de palhaço da cidade, papel que interpretou com maestria durante 32 anos na sua cidade interiorana. Pontes é um artista, um gênio da comédia e por motives de espaço coloco aqui só o miolo da introdução em que o narrador descreve o ser humano como “o animal que ri” e descreve a arte do protagonista: "Em todos os gestos e modos, como no andar, no ler, no comer, nas ações mais triviais da vida, o raio do homem diferençava-se dos demais no sentido de amolecá-los prodigiosamente. E chegou a ponto de que escusava abrir a boca ou esboçar um gesto para que se torcesse em risos a humanidade. Bastava sua presença. Mal o avistavam, já as caras refloriam; se fazia um gesto, espirravam risos; se abria a boca, espigaitavam-se uns, outros afrouxavam os coses, terceiros desabotoavam os coletes. E se entreabria o bico, Nossa Senhora! eram cascalhadas, eram rinchavelhos, e...
Comments
era essa a peca, por certo...
nao sei por que mas A Drunkard's Dilemma me lembrou muito de farsas a la Gil Vicente... (que adoro tambem)...
bom, valeu pelo comentario.. vou ler a peca de novo, com outros olhos... ando fazendo umas "participacoes especiais" em "dinner theatres" aqui no condado onde moro (mais como fundraiser mesmo) e estou adorando... interagindo com a plateia, bem comedia mesmo...:) quem sabe o proximo projeto seja uma peca normal e eu sugira A Drunkard's Dilemma?
obrigado pelo post...