Olha, tem gente que acha que o inferno de violência pelo qual a gente passa no Brasil hoje é novidade. Eu acho que ele sempre existiu, mas que agora ele foi expandido até as classes médias que se sentiam acima do resto (da maioria) da população. Chequem as estatísticas: os assassinatos em uma metrópole qualquer no Brasil em um fim de semana e depois procure saber de que bairros vêm as vítimas e compare a cobertura desproporcional da imprensa quando morre alguém da periferia e quando morre alguém de um "bairro bom".
Em 1969, um ano depois do massacre da praça de Tlatelolco, quando o governo metralhou manifestantes e quem mais estivesse por ali num gesto de violência que derrubou as últimas ilusões dos próprios mexicanos com relação a sua revolução, o poeta mexicano, José Emilio Pacheco, escreveu esse poema, que fala dessa violência brutal como uma "tradição" peculiar, quase um carma. Acho que tudo isso serve para nós também:
Tierra
La honda tierra es
la suma de los muertos.
Carne unánime
de las generaciones consumidas.
Pisamos huesos,
sangre seca, restos,
invisibles heridas.
El polvo
que nos mancha la cara
es el vestigio
de un incesante crimen.
De "No me preguntes cómo pasa el tiempo," 1969
Em 1969, um ano depois do massacre da praça de Tlatelolco, quando o governo metralhou manifestantes e quem mais estivesse por ali num gesto de violência que derrubou as últimas ilusões dos próprios mexicanos com relação a sua revolução, o poeta mexicano, José Emilio Pacheco, escreveu esse poema, que fala dessa violência brutal como uma "tradição" peculiar, quase um carma. Acho que tudo isso serve para nós também:
Tierra
La honda tierra es
la suma de los muertos.
Carne unánime
de las generaciones consumidas.
Pisamos huesos,
sangre seca, restos,
invisibles heridas.
El polvo
que nos mancha la cara
es el vestigio
de un incesante crimen.
De "No me preguntes cómo pasa el tiempo," 1969
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