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Poesia minha: oração aos fenianos

oração aos fenianos

Sed beatius arbitrantur quam ingemere agris,
illaborare domibus, suas alienasque fortunas
spe metuque versare. Securi adversus homines,
securi adversus deos rem difficillimam assecuti aunt,
ut illis ne voto quidem opus esset.
Tácito

cruzada a primeira
metade da vida
a luz da morte ilumina

o inescapável não para:
mente quem diz que dá conta
do tempo e do acaso
e da lei e do desejo

dispenso tudo o que comprei
e o que construí
Arte Minha: Os Fenianos
desconheço tudo o que conheci

deixo aqui comigo só
lágrimas ainda frescas
e feridas abertas
porque nelas me dissolvo

nego a autoridade
que publica o que escreve
e a integridade
de carne e de espírito
[nada me separa de você,
querido anti-leitor,
que nunca me lê]

abraço a contradição
do instável imprevisível
assustador insano
porque reconheço o tombo:
toda trangressão
depende, confirma e completa
a própria lei que transgride

não milito não mendigo
não tenho porque rezar
não tenho história
convertidos mundo
e essa mórbida gaiola
cristalina masculina
no fundo dessa garrafa
no leito dessa sarjeta

na saliva desse cão

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