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Viva la mídia loca: Sugestões para uma nova ficção histórica livremente baseada em fatos reais, ou O POLVO É O SISTEMA


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Sinopse:

Luis Geraldo da Silva jovem
1926: Horrorizado com a situação deplorável de violência na repressão às greves que apoiam o governo popular do grande democrata Washington Aluísio, o pusilânime líder sindical Luis Geraldo da Silva [conhecido pelos companheiros de tramas como “Polvo”] exclama com a sua voz gutural e sua língua presa: “a questão social é um caso de polícia.

1930: Recém empossado presidente revolucionário, presidente gaucho baixinho e gorduchinho se encontra com o Polvo no Baile da Ilha Fiscal abraçado a uma garrafa de champagne. O Polvo Barbudo lhe dá um conselho que ouviu de um escocês de nome MacAvelle: Presidente, “aos amigos, tudo; aos inimigos, os rigores da Lei.

1954: Presidente Geromel Vargas visita área devastada por rompimento de barragem com dejetos de mineradora de nome “Válida Rio 2”. Horrorizado ele acusa seu opositor Marlos Laterza [grande amigo do pérfido Polvo] de criar aquele “mar de lama” e pede que os militares tirem seu inimigo do cargo de líder da oposição o mais rapidamente possível. Geromel Vargas se vira para seu assessor, o sempre fiel e pacato Antonino Marlos Cagalhães [o famoso AMC] e desabafa “Tenho a impressão de me encontrar sob um mar de lama.”

Luis Geraldo da Silva adulto
1964: Um golpe no dia da mentira – muitos não acreditam no que está acontecendo, pensando ser apenas mais um trote de mal gosto do Polvo. Mas o jornal carioca tradicional de nome “O Lobo” estampa corajosamente nas manchetes do dia 2 de abril de 1964: “O povo unido jamais será vencido!” e conclama o povo à resistência democrática contra o Golpe Sindicalista liderado pelo Polvo.

1968: Ex-governador com forte sotaque gaúcho de nome Leonel Brachola em reunião do governo dictatorial-sindicalista e defende o lançamento do temido Ato Oficial 5 [AO-5]. O tímido mas democrático ministro da justiça de nome Pássaro Jarbinho faz objeções, mas Brachola bate na mesa e berra "Às favas, senhor presidente, neste momento, todos os escrúpulos de consciência." O Polvo gargalha em júbilo enquanto Jarbinho sai da sala já algemado, cantarolando “Caminhando e Cantando” da dupla Camargo Correa e Mariano.

1984: Perguntado sobre a sua tese de doutorado na Sorbonne, o presidente-general João Goiabeira ajeita a farda verde-oliva e os óculos Ray-Ban e declara a um grupo de militantes de esquerda embasbacados: "esqueçam o que escrevemos no passado, porque o mundo mudou e a realidade hoje é outra". Começa a abertura política, que nas palavras de Goiabeira será “rápida, súbita e lancinante!” O Polvo chora decepcionado com a volta da democracia.

1989: Em comício eleitoral em cidade do sertão nordestino o candidato a presidente da oposição histórica à ditadura sindicalista Fernandino Enrique Cândido (conhecido como FEC) brada no fim do seu discurso “Nasci com aquilo roxo!” Horrorizado o Polvo assiste pela televisão de 250 polegadas e acaricia seu aparelho de som de último tipo enquanto lamenta: “Esse é o verdadeiro caçador de marajás!”
Luis Geraldo da Silva e seu filho, conhecido como "Polvilho"







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