Foto Minha: Cadeira à espera |
No meu paraíso eu poderia usar roupas confortáveis o tempo todo e não precisaria escutar abobrinhas de ninguém nunca em lugar algum. No meu inferno eu estaria embrulhado num terno apertado escutando um papo furado que não terminaria nunca numa mesa de jantar.
No meu paraíso eu poderia assistir sempre que quisesse os filmes que eu quisesse numa cadeira reclinável com algo geladinho para beber e muita pipoca. No meu inferno eu sou abrigado assistir o Domingão do Faustão tardes e tardes a fio, em pé num ônibus lotado balangando na Antônio Carlos.
No meu paraíso eu acordaria ouvindo passarinhos e olhando para a paisagem das montanhas que as mineradoras ainda não destruíram em volta de Belo Horizonte. No meu inferno eu acordaria sozinho numa espelunca de um quarto onde morei um ano e manteria as janelas sempre fechadas por causa do calor e da poeira.
No meu paraíso eu comeria saladas feita com legumes e verduras frescos colhidos na horta no fundo da minha própria casa. No meu inferno eu comeria hambúrgueres xexelentos e coxinhas massudas que me fariam suar copiosamente e aumentar minha pressão até estourar meus tímpanos.
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