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RIP José Murilo de Carvalho

 Hoje foi publicada excelente entrevista a José Murilo de Carvalho feita por Rogério Tavares. Eis dois trechos:


"Quando veio (o golpe militar de) 1964, a sensação que eu tive foi de perplexidade. Eu me lembro de a gente andar por Belo Horizonte, no dia 1º de abril, perplexo. Não é que as pessoas não esperassem o golpe. Havia uma expectativa. Expectativa havia. Pessoas que falavam na viabilidade do golpe. Mas ninguém previu o tipo de golpe que foi dado. Isso é... Os militares tomaram o poder e ficaram no poder. Isso era inédito no Brasil. Em 1930 não foi assim, em 1937 não foi assim, em 1945 não foi assim, em 1954 não foi assim. Aí comecei a me perguntar: 'Mas por que ninguém previu isso?' Como aluno eu comecei (a pensar): ‘Não, então eu vou ver que tipo de gente é essa, o que aconteceu no Exército que fez eles mudassem de posição em relação à intervenção política’. E aí comecei a estudar os militares. O Boris Fausto também havia me pedido um estudo sobre militares. No CPDOC (Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil) eu expandi essa pesquisa para o período de 1930 e um pouquinho... pelo menos até 1945, expandi muito essa pesquisa, que deu um trabalho sobre os militares nesse período, e que depois deu um livro ('Forças armadas e política no Brasil')."


"O meu livro ‘ A cidadania no Brasil: o longo caminho’  é uma panorâmica e foi feito por encomenda de um colégio do México. Foi publicado em espanhol em primeiro lugar. Parte de certos conceitos, dos tipos de direitos, civis, políticos e sociais, e verifica como isso se verificou ao longo da história do Brasil. Não é um texto acadêmico. Praticamente não tem notas de pé de página. É para um público amplo. A ideia realmente um pouco era essa: como, na descontinuidade, que é a marca da história, é possível ver certos traços de continuidade, mas traços que são constantes e que sofrem altos e baixos. Depois saiu a edição em português e, pelo que eu ouço das editoras, esse livro é usado bastante em curso de graduação. Inclusive nas faculdades de direito." 


A entrevista está aqui.

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