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Showing posts from January, 2007

Carlos Pellicer sobrevoa o Rio de Janeiro

José Vasconcelos esteve no Brasil em 1921-22 em missão oficial do governo mexicano - quem quiser conferir algumas páginas de ficção científica não-intencional deveria ler o capítulo dedicado a essa viagem por Vasconcelos no famoso Raza Cósmica. Ficção científica à parte, um dos melhores poetas mexicanos - aficcionado por vôos acrobáticos - estava com Vasconcelos nessa viagem e escreveu um belíssimo poema "aéreo" sobre o Rio de Janeiro. Aqui está apenas a primeira parte dele: SUITE BRASILEIRA – Poemas aéreos A Francisco S. Espejel A Julián Nava Salinas PRIMERA VEZ Desde el avión, vi hacer piruetas a Río de Janeiro arriesgando el porvenir de sus puestas de sol. Se ponía de cabeza sin derramar su bahía. Y en la lotería de sus isletas ganaba y perdía. El cielo se llenaba de automóviles y de sombra a las 12 del día. El Pão de Açúcar era un espantapájaros soberbio, de lógica y fantasía. Las palmeras desnudas andaban de compras por la Rúa D'Ouvidor. De...

“Só no Brasil...”

“Só no Brasil...” Acho ridículo quando as pessoas acreditam no poder das palavras em alterar a realidade concreta. Recorro a um exemplo absurdo: crer que dizer coisas como “sou um sucesso” ou “tenho capacidade” dez ou quinze vezes em frente ao espelho do banheiro pela manhã pode transformar a vida de alguém. Um número surpreendente de pessoas ganha a vida vendendo esse tipo de enganação para uma legião de incautos que parecem querer acreditar nos poderes transcendentais da hipocrisia – coisas assim só reforçam a minha impressão de que a imbecilidade é mesmo uma epidemia de proporções assustadoras nos dias de hoje. Apesar disso, acredito que combater certos hábitos lingüísticos que poderíamos chamar de maneirismos ou vícios de linguagem poderia servir justamente à nobre causa da higiene mental. É por isso que proponho aos meus inumeráveis leitores que evitemos terminantemente de hoje em diante a locução “só mesmo no Brasil” e qualquer de suas variantes (“só no Brasil”, “só aqui mesmo” e...

Quem bate esquece, mas quem apanha, não

De uma forma bastante típica, escrevi mas esqueci de enviar esse conto para um concurso idiota que premiava a melhor história com uma televisão - quem sabe um dia não começarão a premiar diretores de televisão ou vencedoras de concurso de miss com livros? Passou o prazo, que fazer? Ah, esse conto que é 97.5% não-ficcional serve também como homenagem torta aos nossos muitos escritores que, neo-naturalistas em pleno século XXI, sonham em ser Rubem Fonseca ou pelo menos Patrícia Mello. Quem bate esquece, mas quem apanha, não "Já que a grande maioria daria um livro por dia sobre arte, honestidade e sacrifício." Quando mataram meu sobrinho ele ainda não tinha 17 anos. Cinco tiros, o filho da puta deu nele. O policial que o encontrou ...