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Dinossauros

Hoje eu vou fazer diferente: nada de escrever tudo, depois revisar e aí depois postar no blogue. Hoje eu vou na lata. Tem dias em que baixa o desânimo e daí para o desespero é um pulo. Minha vida sempre foi marcada por esses longos períodos desde quando eu me lembro. Só fui diagnosticado e tratado como depressivo quando a crise chegou ao que nossa sociedade considera o único pecado imperdoável para um ser humano: quando eu não conseguia sair da cama e fazer dinheiro, há cinco anos. Um sofrimento para mim e para todo mundo que convivia comigo – minha esposa e meu filho. Um sofrimento que eu só consegui superar com a ajuda de remédios. Mas a coisa mais estúpida do mundo é pensar (como fazem muitas pessoas) que esse estado é uma doença que basta extirpar com uma boa dose disso ou daquilo no cérebro. Se o que eu tenho e tive todas as outras vezes é alguma coisa que chamam de depressão, posso afirmar: NINGUEM fica deprimido sozinho, independentemente do que se passa a sua volta. Sua tendência inata ao estado depressivo só entra em ignição em contato com a podridão, própria e circundante. O mundo humano é, no mínimo, um lugar muito difícil – basta olhar em volta e constatar – onde somos obrigados a agüentar todo o tipo de violência possível com tanta intensidade e regularidade que então como não se atirar ao desespero? Meu recurso preferido é me atirar como um louco em trabalhos que eu sei que têm significado pelo menos para mim. Mas às vezes mesmo assim é muito difícil. A corda cai se esticando até que se arrebenta e cada vez que se faz um remendo eu fiquei trinta anos mais cansado. E quem não quer compartilhar o que faz com os outros? O ser humano morreu há muito tempo e só esqueceu de se enterrar. Somos dinossauros esperando estupidamente por algum meteoro que ponha fim a essa farsa imbecil. E daí?

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