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Seder, Páscoa, Primavera, Equinócio

Brotos trancados no inverno, esperando a morte passar
Aqui no hemisfério norte, em latitudes mais temperadas, o sol fraquinho do inverno "morreu" justinho dentro do cruzeiro do sul e "renasceu" agora forte e semi-tropical. 

A natureza responde esplendorosamente à altura: em poucos dias os brotinhos das árvores peladas, que passaram meses e meses esperando o frio passar, se abrem verdinhos. O chão duro e seco do inverno se descongela de todo finalmente e da terra úmida brotam feito um milagre um monte de plantas que tinham aparentemente "morrido" no final do outono, mas que na verdade hibernavam subterrâneas durante o longo inverno de quase seis meses.


Tulipas são as primeiras a sair da terra.
Antes da chegada do verão já estarão "mortas"
debaixo da terra outra vez.
Os quase dez anos que vivi nessas alturas me ensinaram a observar a natureza e a aproveitar momentos como esse que marcam a possibilidade de passar longas horas no jardim e no quintal da minha casa cuidando das plantas e assistindo à natureza fazer o seu trabalho. Além da compreensão mais rasteira que temos muitas vezes da vida e da morte, essa experiência me fez entender de verdade, com todos os sentidos e com as dedos sujos de terra, que existe realmente um ciclo de morte e ressurreição, que a história de Jesus Cristo não é apenas uma historinha absurda, uma lorota que mobiliza multidões. As coisas morrem e ressuscitam todos os anos. Os passarinhos voltam, os bandos de corvos se separam e se dispersam, sapos e insetos reaparecem. 

Quantas vezes eu mesmo não morri e ressuscitei até hoje? Quantas vezes mais morrerei e ressuscitarei em mim mesmo e nos meus filhos e em outras pessoas que amei e odiei?  


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