Lendo a biografia que Benjamin Moser escreveu sobre Clarice Lispector tenho uma visão aguda da forte cisão entre o estudioso crítico formado no ambiente universitário e o fabulador que todo o historiador/biógrafo necessariamente tem que ser. Um observa carrancudo os esforços em transformar a vida de Clarice Lispector numa história espetacular cheia de aventuras impressionantes cuja obra literária não é mais que um comentário cifrado, enquanto o outro se deleita exatamente com essa história e seu personagem enigmático sem se preocupar com os exageros do fabulador fabuloso.
Triste cisão.
Seria maravilhoso unir o fabular fabuloso com as exigências "científicas" da crítica literária universitária e ser esse super-escritor que ousaria fracassar como a filosofia de Schiller ameaça fracassar, afundando-se "nos abismos e nos turbilhões da imaginação poetizante" ao invés de se encalhar "nos áridos bancos de areia das secas abstrações". O que era possibilidade na carta de Schiller ao sereníssimo príncipe é certeza na carta do solitário blogueiro jogado às moscas: fracassamos todos nós, fabuladores ou cientistas - Faulkner estava absolutamente certo a esse respeito - e cabe a nós fazer desses nossos fracassos algo de alguma maneira esplêndido.
Triste cisão.
Seria maravilhoso unir o fabular fabuloso com as exigências "científicas" da crítica literária universitária e ser esse super-escritor que ousaria fracassar como a filosofia de Schiller ameaça fracassar, afundando-se "nos abismos e nos turbilhões da imaginação poetizante" ao invés de se encalhar "nos áridos bancos de areia das secas abstrações". O que era possibilidade na carta de Schiller ao sereníssimo príncipe é certeza na carta do solitário blogueiro jogado às moscas: fracassamos todos nós, fabuladores ou cientistas - Faulkner estava absolutamente certo a esse respeito - e cabe a nós fazer desses nossos fracassos algo de alguma maneira esplêndido.
Comments