Era uma vez a internet no começo do século. Trata-se para mim de um pular de um blogue para outro, procurando coisas interessantes, postando comentários e tentando [às vezes sem sucesso] engrenar uma conversa aqui ou ali. Alguns tinham listas intermináveis de comentários em debates bizantinos sobre política ou teoria onde o bate-boca se misturava com jargões e longas explicações. Outros compartilhavam textos dos outros e alguns só textos de autoria própria.
Passei longe do tal do Orkut e seus grupos sobre tudo quanto é assunto. Nem sequer me inscrevi.
A internet era então isso de visitar blogues e a visita periódica aos jornalões que eu conhecia no papel, desde a casa dos meus pais: Estado de Minas, O Tempo, O Globo, Jornal do Brasil, Folha de S. Paulo e Estado de S, Paulo. Eu morava fora e aquilo era uma forma surpreendente de se manter conectado ao Brasil estando tão longe, de uma maneira nova, que era antes impossível. Sabia de uma batida de carros no Anel Rodoviário antes que minha mãe comentava sobre o assunto no Skype [aliás outro acontecimento para quem mora fora].
Hoje quando leio coisas como essa análise sobre o vai e vem nas redes sociais no Brasil nesse mês de fevereiro, tenho vontade de fugir para bem longe. Bolhas disso e daquilo e tribos de linchadores virtuais passando em ritmo frenético o último meme e a última lacrada como se a vida [no mundo virtual] se transformasse num imenso pátio de escola no horário de recreio. Sinceramente eu até me divirto com vídeos de cães e gatos e bodes e ovelhas e leões que abraçam gente e tal, mas esse festival de tiradas engraçadinhas, principalmente quando eu percebo que ele é o que realmente importa, me... entedia.
Alguns "gêneros" se desenvolvem nessa selva: o anúncio solene que se está retirando das redes, a declaração orgulhosa de que bloqueou sem dó seus inimigos/malas e a ameaça de que bloqueará todos que ousarem fazer isso ou aquilo. Nunca bloqueei ninguém. Nesses anos de FCBK [única rede social que frequento, pq o twitter é lacônico demais para o meu gosto] já tive dois "personal trollers" - pessoas que resolviam/resolvem contestar cada um dos posts que eu compartilhasse na minha TL que tivessem conteúdo político. Confesso que não li [e não leio] nada que eles escrevem. Confesso que o ser humano na sua feição de personagem de rede social, com raras exceções, me entedia: os guerreiros pela justiça social, os puritanos de esquerda, os reacionários pudicos, os perfeitinhos, os comentaristas eloquentes tanto quanto ao jogo de futebol do fim de semana, quanto à Guerra Civil da Síria ou a produção de Nióbio, os indignados CAIXA ALTA etc.
Então ando cogitando. O problema é perder contato com tanta gente bacana. Sim, porque nessa Gaiola de Loucos ainda tem muita gente interessante. Mas penso que o meio pelo qual nos mantemos em contato produz burrice a granel. A produção de ignorância anda impressionante.
Passei longe do tal do Orkut e seus grupos sobre tudo quanto é assunto. Nem sequer me inscrevi.
A internet era então isso de visitar blogues e a visita periódica aos jornalões que eu conhecia no papel, desde a casa dos meus pais: Estado de Minas, O Tempo, O Globo, Jornal do Brasil, Folha de S. Paulo e Estado de S, Paulo. Eu morava fora e aquilo era uma forma surpreendente de se manter conectado ao Brasil estando tão longe, de uma maneira nova, que era antes impossível. Sabia de uma batida de carros no Anel Rodoviário antes que minha mãe comentava sobre o assunto no Skype [aliás outro acontecimento para quem mora fora].
Hoje quando leio coisas como essa análise sobre o vai e vem nas redes sociais no Brasil nesse mês de fevereiro, tenho vontade de fugir para bem longe. Bolhas disso e daquilo e tribos de linchadores virtuais passando em ritmo frenético o último meme e a última lacrada como se a vida [no mundo virtual] se transformasse num imenso pátio de escola no horário de recreio. Sinceramente eu até me divirto com vídeos de cães e gatos e bodes e ovelhas e leões que abraçam gente e tal, mas esse festival de tiradas engraçadinhas, principalmente quando eu percebo que ele é o que realmente importa, me... entedia.
Alguns "gêneros" se desenvolvem nessa selva: o anúncio solene que se está retirando das redes, a declaração orgulhosa de que bloqueou sem dó seus inimigos/malas e a ameaça de que bloqueará todos que ousarem fazer isso ou aquilo. Nunca bloqueei ninguém. Nesses anos de FCBK [única rede social que frequento, pq o twitter é lacônico demais para o meu gosto] já tive dois "personal trollers" - pessoas que resolviam/resolvem contestar cada um dos posts que eu compartilhasse na minha TL que tivessem conteúdo político. Confesso que não li [e não leio] nada que eles escrevem. Confesso que o ser humano na sua feição de personagem de rede social, com raras exceções, me entedia: os guerreiros pela justiça social, os puritanos de esquerda, os reacionários pudicos, os perfeitinhos, os comentaristas eloquentes tanto quanto ao jogo de futebol do fim de semana, quanto à Guerra Civil da Síria ou a produção de Nióbio, os indignados CAIXA ALTA etc.
Então ando cogitando. O problema é perder contato com tanta gente bacana. Sim, porque nessa Gaiola de Loucos ainda tem muita gente interessante. Mas penso que o meio pelo qual nos mantemos em contato produz burrice a granel. A produção de ignorância anda impressionante.
Comments
P.S.: Se for o caso, manteremos contato pelos blogs, ainda que com menos frequência que nos idos anos 00.
Esta é a solução que encontrei: deixei de seguir provavelmente 95% da minha timeline. As "amizades" estão lá, mas não vejo o que postam. Sigo poucas pessoas e algumas páginas, e acho que já está na hora de fazer uma triagem ainda mais radical. Passei um bom tempo resistindo à ideia, pensando na necessidade de estar aberto ao contraditório e a outras formas de pensar (volta e meia aparecem textos sobre isso por aí). Balela, pura história pra boi dormir. Decerto eu preciso manter contato com aquele colega do ensino médio durante a vida toda, vendo as barbaridades que o sujeito diz? Ele deveria ter ficado na memória, como um pirralho qualquer, e pronto. Não sei de onde tiramos a ideia de que na nossa timeline devemos deixar todo tipo de louco à solta.
Enfim, isso muito apaziguou minha vida. Se quiser, faça o teste.
No mais, gostei das definições para os arquétipos de internet e dei boas risadas
Amplexo!
André