Skip to main content

Gasolina Jornalismo Ignorância

Arte minha: Fio da Meada

Hoje nos EUA um litro de gasolina custa em media R$2,9886. Hoje no Brasil um litro de gasolina custa em media R$4,27. Isso é fácil de descobrir. Basta uma calculadora [para converter galões em litros e dólares em reais] e acesso à internet [tomando cuidado com as fontes]. 

A problema é saber o porquê dessa diferença. Para isso é preciso conhecer as cadeias de produção, distribuição e comercialização nos dois países. E isso inclui as regras e impostos em cada caso.

Está aí um exemplo da relevância do jornalismo professional, feito por pessoas preparadas para coletar, organizar e apresentar informações num texto acessível a pessoas com um diploma de letras como eu. Na minha imensa ignorância sobre todos esses aspectos do problema, só me restaria apelar ao jornalismo para entender essa discrepância no preço ao consumidor. 

Está aí também um exemplo das limitações do jornalismo. Porque eu precisaria do jornalismo não necessariamente para ter uma opinião sobre o assunto, mas para ter uma visão geral mais ou menos ampla do problema que me permitisse concordar ou discordar das opiniões alheias de forma inteligente. O jornalismo infelizmente anda cheio de colunas de opinião que apresentam uma discussão bastante enviesada do assunto. Partes importantes da discussão desaparecem magicamente. O entendimento das condições em que o preço se define, ora no caso do Brasil ora no caso dos EUA, é parcial e às vezes fantasioso.

Daqui da minha imensa ignorância eu só posso dizer que o preço da gasolina na bomba variou bastante nos últimos dez anos em que vivi nos Estados Unidos, e que varia bastante de estado para estado também. Enquanto isso, à minha volta, outras pessoas tão ou até mais ignorantes do que eu não se inibem em afirmar categoricamente que o preço mais caro da gasolina no Brasil é argumento para privatizar, estatizar, derrubar ministros e presidentes etc. É uma ignorância barulhenta, ensurdecedora. Me incluam fora disso.

Comments

Popular posts from this blog

Protestantes e evangélicos no Brasil

1.      O crescimento dos protestantes no Brasil é realmente impressionante, saindo de uma pequena minoria para quase um quarto da população em 30 anos: 1980: 6,6% 1991: 9% 2000: 15,4%, 26,2 milhões 2010: 22,2%, 42,3 milhões   Há mais evangélicos no Brasil do que nos Estados Unidos: são 22,37 milhões da população e mais ou menos a metade desses pertencem à mesma igreja.  Você sabe qual é? 2.      Costuma-se, por ignorância ou má vontade, a dar um destaque exagerado a Igreja Universal do Reino de Deus e ao seu líder, Edir Macedo. A IURD nunca representou mais que 15% dos evangélicos e menos de 10% dos protestantes como um todo. Além disso, a IURD diminuiu seu número de fiéis   nos últimos 10 anos de acordo com o censo do IBGE, ao contrário de outras denominações, que já eram bem maiores. 3.      Os jornalistas dos jornalões, acostumados com a rígida hierarquia inst...

Poema meu: Saudades da Aldeia desde New Haven

Todas as cartas de amor são Ridículas. Álvaro Campos O Tietê é mais sujo que o ribeirão que corre minha aldeia, mas o Tietê não é mais sujo que o ribeirão que corre minha aldeia porque não corre minha aldeia. Poucos sabem para onde vai e donde vem o ribeirão da minha aldeia, 
 que pertence a menos gente 
 mas nem por isso é mais livre ou menos sujo. O ribeirão da minha aldeia 
 foi sepultado num túmulo de pedra para não ferir os olhos nem molhar os inventários da implacável boa gente da minha aldeia, mas, para aqueles que vêem em tudo o que lá não está, 
 a memória é o que há para além do riberão da minha aldeia e é a fortuna daqueles que a sabem encontrar. Não penso em mais nada na miséria desse inverno gelado estou agora de novo em pé sobre o ribeirão da minha aldeia.

Contos: "O engraçado arrependido" de Monteiro Lobato

Monteiro Lobato conta em "O engraçado arrependido" a história trágica de um homem que não consegue se livrar do papel de palhaço da cidade, papel que interpretou com maestria durante 32 anos na sua cidade interiorana. Pontes é um artista, um gênio da comédia e por motives de espaço coloco aqui só o miolo da introdução em que o narrador descreve o ser humano como “o animal que ri” e descreve a arte do protagonista: "Em todos os gestos e modos, como no andar, no ler, no comer, nas ações mais triviais da vida, o raio do homem diferençava-se dos demais no sentido de amolecá-los prodigiosamente. E chegou a ponto de que escusava abrir a boca ou esboçar um gesto para que se torcesse em risos a humanidade. Bastava sua presença. Mal o avistavam, já as caras refloriam; se fazia um gesto, espirravam risos; se abria a boca, espigaitavam-se uns, outros afrouxavam os coses, terceiros desabotoavam os coletes. E se entreabria o bico, Nossa Senhora! eram cascalhadas, eram rinchavelhos, e...