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Diário de Babylon sob o signo do Coronga

Aqui no condado de Cleveland, no estado de Oklahoma, a curva parece que se achatou mesmo. Saímos de dobrar o número de casos em meros 2.5 dias para dobrar o número de casos a cada 13 dias. Claro que, em circunstâncias normais [sem quarentena], estamos intimamente ligados à capital do estado e mesmo a Tulsa e a Dallas no Texas. Então o achatamento da curva por aqui não é sinal de relaxamento na quarentena em absoluto. Continuamos trancados em casa. O principal objetivo é conseguir não aumentar o número de casos tão bruscamente que cause um colapso no frágil e ineficiente sistema de saúde daqui. A universidade, coração do condado, continua fechada. Damos aulas e fazemos reuniões pela internet. E vamos vivendo de um dia para o dia seguinte, sem pensar muito num futuro mais distante. As aulas do semestre vão acabar no começo de maio e esse é meu horizonte máximo. Pessoalmente, passar o verão em Babylon ao invés de voltar para uma temporada em Pindorama é desesperador. Mas o que será, será.

No país como um todo a crise é muito aguda neste momento. São mais de 200.000 casos só no estado de Nova Iorque. E são mais de 25.000 mortos, morrendo agora no ritmo de 1.000 ao dia. O desemprego é brutal [reflexo do mercado de trabalho neo-liberal, que prima pela "flexibilidade" na hora de botar gente no olho da rua]: do [já falso] pleno emprego atingimos a marca de 13% em dias. A falta de preparo [psicológico, cognitivo e de caráter] do atual presidente - que já era muito preocupante antes no cenário internacional - agora é absolutamente exposta. Só não vê o despreparo nas entrevistas coletivas diárias, quem não quer. 

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